As usinas térmicas têm ajudado a manter o equilíbrio ao compensar as variações na oferta de energia no Nordeste, mas essa ainda não é a melhor solução, na opinião do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho. “No fundo, no fundo, a gente vai precisar de uns dois invernos (período chuvoso) melhores para ter um certo grau de margem de segurança nos reservatórios e voltar a ter um mix mais favorável na composição do preço no Nordeste”, avaliou Coelho nesta quarta-feira, 14 de setembro.

O intercâmbio de energia de Tucuruí e do Sudeste tem alternado com a energia eólica o papel de principal fonte de suprimento de energia elétrica no Nordeste. Em seguida vem as termelétricas e a geração hídrica, que deixou há algum tempo de ser a fonte mais importante de energia, em razão da seca prolongada na região, informou o ministro.

A região está no quinto ou sexto ano consecutivo de seca, dependendo do estado. A previsão do Operador Nacional do Sistema Elétrico é de que, mantida a vazão atual, Sobradinho chegue ao fim do período seco com a capacidade de armazenamento “zerada” e atinja o chamado volume morto. Existem negociações em andamento para a redução da vazão do rio para 700 m³/seg, o que pode contribuir para a recuperação do maior reservatório da região, com fim do atual ciclo de seca. “Todo mundo vai se esquecer, mas certamente, daqui a sete, oito anos, vamos ter de novo problemas”, disse Coelho.

No Ceará, onde a redução drástica do reservatório do Castanhão levou o governo local a considerar o corte no fornecimento de água para resfriamento de termelétricas, a preocupação maior do MME são as três usinas a carvão localizadas em Pecém. Segundo o ministro, elas gastam 600 litros de água por segundo, mas são importantes porque têm o custo de produção de energia mais baixo do Nordeste. “Elas saindo da operação vou ter que acionar térmicas mais caras”, disse.

O ministério chegou a sugerir aplicação de uma tarifa de água maior para que as empresas reduzam o consumo e o governo cearense ficou de estudar essa alternativa. Já existe um projeto da Eneva de captação de água do mar para uso nas térmicas. A EDP também estaria estudando solução semelhante. O fornecimento de água do Castanhão ao porto do Pecém equivale a quase a metade do volume consumido na capital Fortaleza.