A CPFL Energia projeta queda de demanda nesse ano entre 1% e 1,5% na comparação com ano passado. Apesar do aumento da carga no segmento residencial de 4,2% no segundo trimestre de 2016, a tendência é de que entre julho e outubro a demanda nessa classe recue em função das menores temperaturas registradas nesse período que, associados à retração de consumo industrial, mantenha a carga em queda. Para 2017 a expectativa da empresa é de reversão com aumento de consumo em cerca de 1%.

“Trabalhamos com um cenário de recuperação da economia ainda tímida em 2017, algo entre 1% e 1,5% e, obviamente leva a uma retomada de consumo de energia, mesmo que de forma mais lenta. Quando se olha para a indústria, ainda há estoques então a retomada da produção e do consumo pode demorar um pouco mais para aparecer. No segmento residencial é uma questão mais lenta e está atrelada à recuperação da massa de renda e de emprego”, avaliou o diretor financeiro e de Relações com Investidores da empresa, Gustavo Estrella, durante encontro com investidores, realizado em São Paulo.

O presidente da empresa, André Dorf, indicou que a empresa ainda não sentiu a retomada em função da demanda industrial. Somente no segundo trimestre a retração foi de 9,3% na comparação com o mesmo período de 2015, um ano que já não tinha sido bom. “Isso é preocupante, pois ainda não vemos a inflexão na curva de demanda”, destacou ele em recente entrevista à Agência CanalEnergia.

Apesar da expectativa, Dorf comentou que já é possível ver a retomada da confiança no setor. Mesmo assim reforça que essa reversão ainda não gerou investimentos, empregos e a retomada da produção. “Para que a retomada da demanda ocorra, a gente tem, provavelmente, como primeiro passo, o preenchimento de turnos nas fábricas, mas ainda não sentimos isso. Depois vem a absorção do desemprego e retomada do consumo na ponta, esse sim, deve demorar mais”, corroborou o presidente da CPFL Energia.

Um assunto que ainda preocupa a empresa é a inadimplência, que vem apresentando elevação de seus indicadores. Segundo os resultados mais recentes divulgados pela empresa, referentes ao segundo trimestre, o indicador de contas em aberto alcançou 1,04% do total, para se ter uma ideia, em janeiro de 2015 esse indicador estava em cerca de 0,5%. Dorf destacou que a CPFL vem investindo no combate a essas perdas com 637 mil cortes no semestre, e ainda outras ferramentas como a comunicação com os clientes além do aumento de 11% nos pedidos de negativação de clientes. 

Dorf afirmou que a migração de clientes para o mercado livre e a redução da demanda por conta desse movimento é uma tendência do setor. E essa perspectiva é reforçada ainda mais com a equipe que hoje está à frente do ministério. Além disso, destacou o anúncio da tarifa branca e as discussões acerca da portabilidade da conta como formas de reforçar o mercado livre e favorecer as relações bilaterais.

“Estamos nos preparando para esse movimento. Queremos aproveitar ao máximo esse cenário, seja por meio da geração distribuída, eficiência energética, por meio de serviços, da  comercializadora e agora com a comercializadora varejista. Queremos ser protagonistas da migração e aproveitar o seu crescimento”, declarou.