O setor elétrico pode enfrentar grandes dificuldades nos próximos dez anos caso não passe por uma revisão do modelo regulatório. A introdução de novas tecnologias de geração, na avaliação da Aneel, tem potencial para "virar de ponta cabeça" o mercado de energia, cabendo ao setor se preparar para essa nova realidade. Para o diretor da Aneel, Tiago Correia, essa revisão do modelo não precisa ser tão radical como foi feita nos anos 1996 ou 2004, mas também não pode ser tão superficial como vem sendo feito nos últimos anos.

"A nossa compreensão, é um momento adequado para se fazer uma revisão do setor. Essa revisão teria dois objetivos básicos: introdução de tecnologias ‘disruptivas’ que vão vir independente do que a gente quer no Brasil, porque o volume investimentos internacional associados a essas tecnologias é muito grande e a queda de custo tem sido extremamente acelerado.. E ao mesmo tempo a gente precisa repactuar as responsabilidades sobre a expansão. Se a gente não fazer isso, a gente volta a correr grandes riscos de racionamento num horizonte daqui a dez anos… E dez anos no setor elétrico é muito rápido", declarou Correia.

Para ele, que participou nesta segunda-feira, 19 de setembro, de evento em São Paulo, o grande desafio será estabelecer um modelo que garanta a continuidade dos investimentos na expansão do setor. Na geração, por exemplo, a expansão está totalmente apoiada no mercado regulado, por meio da contratação feita pelas distribuidoras com contratos de longo prazo.

"A gente está chegando num momento que esse modelo começa a se esgotar", disse Correia. A Aneel está recebendo, por meio de um Programa de Pesquisa & Desenvolvimento, sugestões para atualizar o atual modelo do setor elétrico.