De olho no mercado de microgeração brasileira, que na prévia de maio da Agência Nacional de Energia Elétrica registrava um número de 3.565 conexões de geração distribuída e um crescimento constante, a empresa de origem suíça Urbanflow quer trazer para o Brasil a Honeycomb. O equipamento é uma turbina eólica destinada a áreas urbanas. A turbina possui um invólucro que aumenta a geração da energia através da canalização do vento e uma estrutura hexagonal que possibilita um arranjo de vários módulos em uma mesma área, em formato de favo de mel. "A estrutura torna a solução flexível e modular, o consumidor pode comprar uma ou mais", afirma Paul Westermann, CEO e fundador da Urbanflow, que apresentou a turbina durante os jogos olímpicos e paraolímpicos no Baixo Suíça, no Rio de Janeiro (RJ).
Westermann conta que a Honeycomb é um projeto de pesquisa que veio sendo desenvolvido há quatro anos na Universidade técnica ETH Zurich e que está na fase de transição do projeto para um produto de empresa, ainda não sendo comercializado. Segundo ele, o foco no Brasil são cidades mais adensadas e com bom potencial de vento, como Fortaleza, capital do Ceará. Eles podem ser instalados em prédios ou em casas sob vários tipos de desenhos. Cada turbina tem potência de 400 W e são necessárias de três a cinco turbinas para a produção de energia suficiente ao suprimento de uma família. Para que ela funcione de modo rentável, a velocidade média de vento deve ser de pelo menos é de 6m/s. Nessa velocidade, galhos de árvores quebram e folhas de papel voam.
Em agosto, quando a turbina esteve em exposição durante os jogos olímpicos, ela atraiu a atenção de interessados. O custo da turbina na Suíça fica em até cinco mil francos suíços, mas no Brasil ele pode ser reduzido, caso seja criada uma linha de produção dela aqui. "Estamos em contato com potenciais parceiros, que poderão distribuir as turbinas ou mesmo fabricá-las ", avisa Westermann.
Ele alerta que os consumidores devem ter a certeza do potencial eólico dos tetos dos seus prédios ou residências, para que não haja um efeito negativo. O CEO da empresa vê ainda pouco conhecimento do brasileiro sobre microgeração eólica, o que dificulta uma avaliação maior dos custos, do êxito e da viabilidade das turbinas em determinadas localidades.
Westermann vê o Brasil como um grande mercado global para a microgeração eólica. Ele dá como exemplo a Alemanha, em que a microgeração já está consolidada e os consumidores já adquiriram seus equipamentos, porém tendo escolhido a fonte solar, deixando o mercado saturado. "Aqui, as pessoas têm como escolhas se o solar ou o eólico é o melhor", aponta, considerando o momento como adequado para se investir no mercado brasileiro.