Mesmo com um número crescente de conexões a cada parcial divulgada pela Agência Nacional de Energia Elétrica, os custos da microgeração ainda são vistos com um entrave para uma efetiva expansão das conexões pelo país. Para neutralizar esse risco, a Vatio desenvolveu um modelo de negócio em que o cliente pode ter placas fotovoltaicas no seu telhado sem desembolsar nenhum centavo com a instalação ou mesmo comprar o equipamento. A ideia é que o cliente pague com a economia de energia que ele vai ter na conta de luz. "Nós propomos comprar o equipamento, instalar, cuidar de tudo com a distribuidora. A pessoa não consegue gasta sequer um real e já migra para uma energia renovável", explica Alexandre Caseira, diretor da Vatio.

Ele conta que essa ideia, que é similar ao modelo de negócio de empresas de conservação de energia, as Escos, veio do recuo que clientes em potencial apresentavam depois de um interesse inicial por microgeração solar. Segundo Caseira, aspectos como os custos com compra de equipamentos, além da burocracia e o tempo de retorno provocavam a desistência. "Tudo isso, eram barreiras e a gente foi conversando com muita gente e falamos que era preciso acabar com elas para conseguir acessar essa energia que elas buscavam", avisa Caseira. A Vatio também dá a possibilidade de o cliente ter o sistema de microgeração solar no modo tradicional, pagando por ele, ou mesmo dando uma entrada como parte do valor, e o consumidor vira parceiro no investimento. 

A Vatio faz uma espécie de levantamento para o cliente de como a energia solar pode ser utilizada partindo de duas bases: a primeira é a conta de luz dele, em que a partir do valor pago, vai ser possível dimensionar o tamanho do sistema que vai ser instalado. O outro aspecto abordado é o telhado, em que é necessário saber quanto da área poderá ser ocupada com placas, já que isso vai determinar o montante gerado. Segundo Caseira, os telhados tem sido um dos limitantes para desenvolver a microgeração no estado. Muitos clientes têm um consumo que possibilita a instalação do sistema, mas não tem um telhado que comporte o número de placas necessárias. "A energia solar ainda precisa de muita área, ela não é eficiente no sentido de gerar muita energia por metro quadrado. Hoje o limitante que temos encontrado é o metro quadrado", explica o diretor.

Ainda sentindo os consumidores arredios em relação a microgeração de energia, ele acredita que esse modelo de negócio pode trazer o deslanche, já que ele independe do dinheiro para ser executado. O foco da empresa vai ficar nos clientes da baixa tensão, principalmente o residencial, como as casas e coberturas de condomínios. Um outro produto seria para prédios, em que a microgeração na laje serviria para reduzir os custos com energia. O cliente vai ter acesso a dados como o quanto está sendo gerado, árvores salvas e as emissões evitadas.

Caseira ainda vê um processo de aprendizado dos agentes do setor na microgeração. Para ele, as distribuidoras ainda estão começando a se acostumar com os pedidos de conexões, o que pode ocasionar demora nos prazos. Ele também vê um grande espaço para crescimento de empregos na instalação e aposta em um treinamento baseado na prática para capacitação dos futuros profissionais. A preferência deve ser por quem já domina os sistemas elétricos. "O caminho hoje é esse, buscar a mão de obra que já tenha uma base de eletricidade e aí treiná-los focados em solar", aponta.

O estado do Rio de Janeiro é considerado um bom mercado para a microgeração solar. A alta nas tarifas das duas maiores distribuidoras do estado, Light e Ampla, fizeram com que as suas áreas de concessão ficassem propícias para a geração distribuída solar.