A privatização da Celg-D (GO) segue com o seu curso. Foi realizado nesta quarta-feira, 28 de setembro, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, no Rio de Janeiro (RJ), o encontro com investidores "Celg e outras Oportunidades de Investimentos". De acordo com o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, o leilão vai ser realizado no próximo mês de novembro. Segundo ele, players do setor como Equatorial, Iberdrola, Neoenergia, Enel, CPFL Energia e Energisa participaram do evento e se mostraram interessados após a reavaliação do preço da distribuidora. "Esse evento foi um marco no processo, discutimos com essenciais compradores. Esperamos a assinatura do contrato para janeiro de 2017", afirmou.

O encontro também contou com a presença da secretária de Fazenda do estado de Goiás, Ana Carla Abrão. O estado tem 49% das ações da concessionária. Ela acredita que dessa vez a venda da Celg será concretizada devido ao apoio do governo federal ao processo. Segundo a secretária, a tentativa anterior, que foi concebida ainda pelo governo de Dilma Rousseff, era uma espécie de privatização ‘envergonhada’. "Todos os envolvidos estavam aqui mostrando a importância do ativo" ressaltou. A desestatização vai auxiliar no crescimento econômico do estado, que já é a sede de empresas como a JBS Friboi, a Hypermarcas e a NeoQuímica. Outras empresas que procuram o estado para se instalar esbarram nas dificuldades da distribuição de energia, a cargo da Celg.

Acionista principal, a Eletrobras esteve presente por meio do seu presidente, Wilson Ferreira Júnior. Para ele, a venda é o primeiro momento de uma série de movimentos positivos que serão percebidos pelo mercado. Ferreira também frisa que o país irá receber elevados recursos em infraestrutura. Para o executivo, a distribuição de energia é um segmento que deve ser operado apenas pelo agente privado, devido a sua dinâmica. A venda vai tirar responsabilidades da Eletrobras, que segundo ele, não tem afinidade com a distribuição, já que ela se notabilizou pela sua atuação na geração e na transmissão de energia.

O executivo também acenou que um leilão bem-sucedido será mais um atrativo para a onda de privatizações que virá com a venda das outras distribuidoras que a estatal federal administra. “Esse é o primeiro convite para esse processo", avisa. Eletrobras Distribuição Alagoas (AL), Amazonas Energia (AM), Eletrobras Distribuição Piauí (PI), Eletrobras Distribuição Rondônia (RO), Eletrobras Distribuição Acre (AC) e Eletrobras Distribuição Roraima (RR) deverão ser vendidas no segundo semestre de 2017, embora ainda não haja uma decisão tomada sobre o seu processo de privatização.

Outro aspecto abordado foi que os potencias candidatos a comprar da Celg se mostraram interessados com o que viram, principalmente com a mudança de patamar de preço. O preço foi reduzido de R$ 2,6 bilhões para R$ 1,79 bilhão do preço inicial, caindo em quase R$ 1 bilhão. Segundo o MME, esse foi um dos motivos que afastaram os interessados e que culminaram no cancelamento do certame.

Ainda segundo Paulo Pedrosa, órgãos de fiscalização do governo federal como o Tribunal de Contas da União também se mostraram receptivos ao leilão após os ajustes feitos pelo governo. O TCU criticava o fato da Eletrobras atuar na distribuição de energia, já que ela apenas registrava prejuízos com isso e estava fora do seu campo de atuação. "Estamos em permanente contato com o TCU", aponta. O BNDES está dando o apoio necessário para a realização do leilão. De acordo com Rodolfo Torres dos Santos, o banco deve definir nos próximos dias as regras e condições de financiamento, mas não deve entrar como acionista.