A dificuldade verificada nos últimos anos para a expansão de fontes hidrelétricas está fazendo com que a Engie busque estimular projetos médios que contemplem essa fonte. De acordo com Gil Maranhão, diretor de novos negócios da Engie, o direcionamento dado pelo governo apenas para grandes projetos dessa fonte fez com que fossem postos de lado esse tipo de projeto. "O Brasil esqueceu todo o potencial espalhado de projetos que vão até 300 MW", afirma Maranhão, que participou na última quinta-feira, 6 de outubro, da mesa redonda "O papel da geração hidrelétrica na Matriz Elétrica brasileira", realizado no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro (RJ).
O diretor da Engie conta que levantamento feito pela empresa em conjunto com outras do setor encontrou um potencial de 15 GW em mais de 120 projetos que poderiam ser desenvolvidos, caso entraves como questões ambientais, falta de escala, dificuldades na logística ou definições sobre demarcações de áreas indígenas fossem solucionados. Esses obstáculos estão sendo estudados para que na próxima etapa seja apresentado ao governo o que está sendo perdido em termos de investimentos, compensações, incremento de PIB local, engenharia e indústria de base.
O diretor da Engie acredita que o estudo deverá ficar pronto apenas no início de 2017. Ele prevê conversas com vários setores do governo, como os Ministérios de Minas e Energia, da Casa Civil e do Meio Ambiente e a secretaria do Programa de Parceria de Investimentos, além de órgãos do setor, como a Empresa de Pesquisa Energética e o Operador Nacional do Sistema Elétrico. "As conversas iniciais foram muito receptivas", observa Maranhão.
Classificando as novas diretrizes de financiamento do BNDES como em linha como o que vinha sendo prometido pelo banco, ele acredita que o setor hidrelétrico e o mercado financeiro vão saber se adaptar para o novo cenário. O banco reduziu para 50% o financiamento de projetos hidrelétricos. Segundo Maranhão, a expansão da fonte hidrelétrica no mundo tem caminhado bem, mesmo com um panorama em que as fontes renováveis estão aparecendo de modo intenso nas matrizes, incluindo a brasileira.