O compromisso firmado pelo Brasil no acordo de Paris para aumentar a participação de fontes renováveis na matriz até 2030 deverá levá-lo a vencer desafios na operação e no seu próprio planejamento. Estudo feito pela PSR mostra que a necessidade de contratação de usinas de fontes alternativas pode fazer com que se diminua a contratação de hidrelétricas. Quando o acordo foi feito, não havia a queda na demanda, que aliada a ganhos de eficiência energética, leva a uma redução no mercado. "Para atingir o compromisso de inserção na matriz elétrica de fontes renováveis não hidrelétricas, tem que construir muita usina eólica, solar e de biomassa e aí não vai haver espaço para a hidrelétrica", explica Rafael Kelman, diretor da PSR, que participou na última quinta-feira, 6 de outubro, da mesa redonda "O papel da geração hidrelétrica na Matriz Elétrica brasileira", realizado no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro (RJ).
Kelman conta que esse cenário vai trazer um desafio para a operação do sistema, uma vez que o aumento de fontes intermitentes como a eólica e a solar, deve vir acompanhado da contratação de fontes despacháveis, o que não se desenha. Além da hidrelétrica, térmicas também são despacháveis. A flutuação aumenta a dificuldade na operação e segundo ele, o ONS ainda vai conseguir operar com a energia despachável existente de modo a suportar a flutuação das renováveis. Mas na avaliação da consultoria, essa capacidade só vai até 2026. "Vai ser necessário colocar novas fontes despacháveis para poder fazer o serviço de reserva operativa", avisa.
A solução para esses impactos será um planejamento sensato para a operação e expansão. Caso a retomada da expansão hidrelétrica não se concretize, térmicas deverão ser contratadas. Para Kelman, a viabilização de UHEs médias poderia ser uma alternativa para a entrada de energia despachável, mas ele lembra que a falta de perspectiva de contratação fez com que empresas de engenharia parassem de investir nos estudos de viabilização.