O avanço das fontes intermitentes de geração no Brasil, notadamente, a eólica e a solar traz à tona a necessidade de que o país adote a tecnologia de armazenamento de energia. Somente no dia 26 de julho deste ano, em um período de pouco menos de duas horas, a geração por meio de parques eólicos aumentou em 825 MW médios. Da mesma forma que essa produção avançou, pode recuar e por questões críticas como essa é que a adição de baterias pode trazer a estabilidade e flexibilidade para uma melhor operação do Sistema Interligado Nacional.
Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, Nelson Fonseca Leite, o avanço dessas fontes é o principal motivador para o uso do conceito de armazenamento no SIN. Um dos pontos que reforça essa necessidade é a redução da quantidade de armazenamento de água em reservatórios no país.
“O Brasil tem diversidade de realidades muito grande que trazem oportunidades de armazenamento de energia das mais diversas como os sistemas isolados, a ilha de Fernando de Noronha onde há geração a diesel, fotovoltaica e eólica… com o armazenamento conseguiríamos tirar a necessidade da geração diesel por lá”, exemplificou.
Além disse, o executivo que participa da missão diplomática britânica para armazenamento de energia, organizada em parceria com o MCTI e o Instituto Abradee, lembrou que ainda há outras características do setor elétrico nacional que devem favorecer a implantação dessa tecnologia no país, como atribuir mais confiabilidade à rede, bem como reduzir a emissão de geração térmica no NE quando para de ventar na região NE. Essa, comentou ele, é uma  necessidade, pois apesar de o pais contar com UHEs que atuam como baterias virtuais, temos cada vez menos feito usinas com reservatórios e que por isso precisamos de novas alternativas.
O tema armazenamento é alvo de uma missão diplomática que envolve o setor elétrico. Um grupo de cerca de 30 representantes de distribuidoras de todos os portes e de todas as regiões do país está no Reino Unido como uma das atividades para fomentar o conhecimento e a capacitação do país na implementação dessa tecnologia no país que está em andamento por meio da chamada pública nº 21 da Aneel.
De acordo com o coordenador geral de tecnologias setoriais do MCTI, Eduardo Soriano, esse é o primeiro passo para essa tecnologia no pais. Contudo, disse, uma coisa que preocupa no setor é a questão da regulação para que esta não impeça a expansão dos avanços tecnológicos. Esse fator, relatou ele, atrai a atenção em todos os países por onde a implantação do energy storage está em andamento, como na Alemanha e no Reino Unido, onde ainda há discussões sobre a regulação.
A meta da missão é a de encontrar parcerias e atrair empresas deste segmento para o Brasil e apresentar respostas para esses desafios técnicos e regulatórios para estimular os negócios com essa tecnologia que ainda está em fase de gestação no país com apenas um projeto em andamento, da AES Tietê Energia.
Segundo a especialista da Aneel, Carmen Sanches, a expectativa da agência reguladora com a chamada pública, entre outras, é a de desenvolver projetos básicos e executivos de plantas piloto, desenvolver estudos que permitam dotar a agência de dados consistentes sobre o ciclo de vida dos equipamentos e sua performance, bem como a viabilidade econômica. E isso, sem deixar de lado uma proposta para o desenvolvimento de um ambiente legal e regulatório. 
*O repórter viajou a convite do Consulado Britânico no Rio de Janeiro.