A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) informou nesta quinta-feira, 20 de outubro, que existem 12 unidades consumidoras representadas por comercializadores varejistas devidamente cadastradas na CCEE. O modelo que começa a entrar em operação no mercado permite que consumidores que antes estavam limitados a serem atendidos por distribuidoras possam aproveitar os benefícios do mercado livre de maneira simplificada.
Segundo Roberto Castro, conselheiro da CCEE, estão habilitados para operar como comercializador varejista as empresas Comerc Power, CPFL Brasil Varejista e a EKCE (Elektro). Outros quatro processos de habilitação estão em andamento envolvendo as empresas Safira, Nova Energia, Mega Watt e Arcelor Mittal. "Entendemos que estamos iniciando um processo bastante consistente no mercado. A presença do varejista vai tomar uma proporção que certamente vai fazer frente a essa evolução toda que está acontecendo no mercado", disse Castro.
A figura do comercializador varejista é importante para acomodar o grande volume de consumidores interessados em migrar para o mercado livre. Em 2016, foram 1.443 novas adesões ao ACL, a maior parte composta por consumidores especiais, sendo que 58% das migrações têm perfil de consumo médio abaixo de 0,4 MW médios. Essa pulverização gera um desafio operacional muito grande para CCEE. A figura do varejista agruparia essas pequenas cargas em um único agente, centralizando a liquidação financeira dessas unidades.
Em quatro anos, a CCEE viu o número de agentes passar de 2.300 em 2012 para 4.800 em 2016, o que representa uma evolução da ordem de 108%. "É inexorável que tenhamos a figura do varejista", disse Castro, que participou do 4º Encontro Nacional de Consumidores Livres em São Paulo. Para ele, o ritmo de crescimento do varejista vai depender das oportunidades do mercado.
Segundo Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc, a facilidade do comercializador varejista permitiu que a Fazenda Colorado (SP), um dos maiores fabricantes de leite do Brasil, aproveitasse os benefícios do mercado livre. Ele explicou que a fazenda, embora pertença a um grupo empresarial, está em nome de uma pessoa física. Isso impede que a unidade que consome 0,7 MW médios migrasse para o ACL como agente da CCEE. "Foi a oportunidade que ele teve de aproveitar a economia e todas as facilidades que tem no varejista sem ter que alterar para pessoa jurídica", disse o executivo sobre o seu cliente.
Vlavianos disse que está otimista com nesse novo modelo de negócio. "É uma forma de simplificar os processos e manter os consumidores no mercado livre". O executivo, porém, destacou a relação de confiança que precisa existir entre as partes. "Tem que ter uma relação muito grande de confiança entre o consumidor e a comercializadora…porque o consumidor inadimplente na varejista é muito mais complicado de você resolver o problema do que um consumidor livre convencional."
Liquidações – As contabilizações no mercado de curto prazo de energia já somam R$ 30,7 bilhões entre janeiro e agosto de 2016, informou Roberto Castro, conselheiro da CCEE. O montante contempla as operações realizadas no período envolvendo o MCP, as cotas de garantia física e de Angra, o MCSD e a energia de reserva. Em 2015, a CCEE contabilizou R$ 43,2 bilhões de janeiro a dezembro.