O Operador Nacional do Sistema Elétrico publicou uma análise sobre a situação do fornecimento de energia para a região Nordeste. O ONS começou lembrando que "as condições hidrológicas da bacia do rio São Francisco têm sido foco constante de atenção" nos últimos anos. O Operador afirma então que "esta situação extremamente desfavorável só não se tornou em uma ameaça para o abastecimento energético porque a região Nordeste passou por uma mudança em seu perfil de geração nos últimos anos", ressaltando a instalação de parques eólicos e usinas termelétricas, além das interligações.

O operador afirma que a análise das vazões afluentes a Sobradinho, mostra que "estamos diante de um dos períodos recessivos mais intensos em termos de afluências no rio São Francisco". O ONS exemplificou a situação constatando que o período de abril a setembro deste ano apresentou vazões significativamente reduzidas, sendo classificado como o pior do histórico de vazões, que remonta a 1931. Com isso, a expectativa é chegar ao fim de outubro, com os reservatórios em 11% da capacidade de armazenamento, atualmente estão em 12,5%, segundo as medições do dia 19.

Em relação a Sobradinho, o ONS ressalta que, desde 2014, "esse reservatório tem sido operado para o atendimento das necessidades hídricas a jusante, sendo a geração de energia um subproduto da vazão defluente mínima estabelecida". A vazão atual do rio na hidrelétrica é de 800 metros cúbicos por segundo desde janeiro deste ano. E já se negocia uma redução para 700 m³/s.

Com a situação hídrica crítica, as outras fontes despontaram como solução para crise no Nordeste. As eólicas tem atendido a demanda de energia da região. Atualmente, são 7.185 MW de capacidade instalada local sob supervisão do ONS, com uma geração média de 2.773 MW médios este ano. Mas a fonte tem batido recordes de geração, chegando a 4.809 MWmed no último dia 11, representando 48% da carga média diária da região. Isso representou, segundo o ONS, um fator de capacidade de 66% da geração eólica instalada.

Outro dado que mostra a importância da fonte é que a energia total produzida equivale a 48% da capacidade máxima de armazenamento dos reservatórios da região. Já a importação da energia teve uma representatividade de 34% da capacidade de armazenamento do Nordeste, comparou o Operador. O ONS mostrou ainda que os recursos disponíveis para atendimento da carga na região compõem um quadro de equilíbrio entre os recursos, mostrando que a dependência hidrelétrica foi reduzida. Enquanto as hidrelétricas representam 26% dos recursos, as eólicas lideram com 28% e as térmicas tem participação de 25%, enquanto a importação, outros 21%.