O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, disse que a companhia não tem condições financeiras para se comprometer com novos projetos e, por isso, a empresa não deverá participar do próximo leilão de transmissão, que será realizado na sexta-feira, 28 de outubro. "Antes de pensar em leilões novos, vamos tentar resolver os problemas que nós temos em casa", disse a jornalistas nesta sexta-feira, 21, durante evento sobre infraestrutura em São Paulo.
Segundo Ferreira Jr, o sistema Eletrobras iniciou o ano com 109 obras de transmissão em atraso. Nove foram concluídas e 22 devem ficar prontas até o final de dezembro. Contudo, há ainda 78 empreendimentos que precisam de equacionamento financeiro. Ele sinalizou que a empresa precisará desenhar uma estratégia diferente das convencionais para captar recursos para esses projetos. "Temos nosso limite de BNDES totalmente ocupados.”
“Meu desafio agora é endereçar esse tema, para que todos os projetos de investimento da companhia estejam andando, para que a gente possa recuperar o tempo perdido. Temos muitas obras atrasadas", reconheceu.
Ele destacou que a empresa fez um grande trabalho nos últimos dois meses no sentido de recuperar sua adimplência junto aos grandes projetos de geração. "Isso está praticamente alinhado." Também houve um esforço concentrado para resolver o problema de inadimplência das distribuidoras. "Resolvemos esse problema integralmente e agora estamos nos debruçando no tema da transmissão."
Questionado sobre a participação da empresa no leilão de transmissão, Ferreira respondeu: "Nossa situação financeira não é uma situação que permita fazer movimentos grandes. Tenho falado isso dentro da companhia, quanto mais rápido a gente endereçar os temas de eficiência [operacional] e de dívida, mas rápido a gente volta." Ferreira admitiu que a Chesf está em uma situação mais crítica. A subsidiária tem buscado se capitalizar, por meio de empréstimos, enquanto aguarda o pagamento das indenizações da RBSE. "Ela [Chesf] está realmente com dificuldade."
O próximo leilão de transmissão licitará 24 lotes com empreendimentos localizados nos estados da Bahia, Ceará, Goiás, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte. A expectativa de investimentos é da ordem de R$ 12,58 bilhões e geração de 25.658 empregos diretos. O edital foi republicado com alterações na organização dos lotes e atualização da Receita Anual Permitida Máxima (RAP) para R$ 2,6 bilhões, um aumento de 13,13% em relação ao valor anterior. O certame será realizado na sede da BM&FBovespa, em São Paulo, às 11:30 horas. As instalações de transmissão deverão entrar em operação comercial no prazo de 42 a 60 meses a partir da assinatura dos respectivos contratos de concessão, prevista para 9 de fevereiro de 2017. Serão implantados aproximadamente 6.800 km de linhas de transmissão e 8.200 MVA em capacidade de subestações.