A AES Tietê Energia manteve uma parcela de 5% de sua energia assegurada livre para se proteger do GSF neste ano. A empresa, que possui toda a sua energia no ACL, vê como necessária a alteração dos modelos de risco que começarão a ser implementados pelo governo em 2017 com alteração dos parâmetros alfa e lambda do CVaR até alcançar a SAR em 2018. Até porque a matriz vem mudando seu perfil com a inserção de novas fontes renováveis e tem que refletir a mudança, que ultrapassa o conceito de ser um sistema hidrotérmico.

Na avaliação do diretor presidente da companhia, Ítalo Freitas, essa revisão é importante pois as renováveis vêm assumindo um papel importante no país aproveitando as diversidades características de cada região, como as eólicas no Nordeste e as usinas sem reservatórios na região Norte. “Isso faz com que o governo tenha que rever o conceito em toda essa questão de CVaR para que se traduza da forma correta na evolução do sistema. E além disso, estamos vendo aqui nos nossos clientes uma entrada muito grande de GD e isso de alguma maneira tem que estar traduzido e dentro do modelo setorial para que não se crie anomalias como a tarifa negativa na Alemanha e em outras regiões”, comentou o executivo.
Aliás, a expansão de sistemas de geração distribuída é um dos focos da geradora do grupo AES Brasil. Além da geração centralizada por meio de projetos eólicos e solares, comentou Freitas, a companhia vê uma grande oportunidade nesse nicho de mercado pensando em grandes projetos para os segmentos industrial e comercial. “Vemos o mercado mundial mudando de conceito não é aquele do século 19 que tínhamos apenas empresas de geração, transmissão e distribuição, agora o cliente terá mais poder. Ele vai colocar a placa solar e essa pessoa com o poder de geração na mão e a AES Tietê quer ser o instrumento para esse novo mercado”, acrescentou ele, que apontou a necessidade de regras claras para o financiamento de sistemas de geração distribuída.
Segundo sua avaliação, a falta de clareza ainda é um grande problema para o segmento. E afirmou que não vê o mercado de crédito para esses sistemas preparado. Já quanto as novas regras do BNDES para o financiamento anunciadas há cerca de um mês, varia de caso a caso. Mas, no geral, disse ele, para as renováveis, principalmente a solar, o banco de fomento federal continua bem atrativo. Mas ainda é necessário ter alternativas, principalmente quanto à questão do risco cambial.
Quanto à demanda de energia para 2017, Freitas afirmou que a empresa começa a ver um sinal do mercado de que deverá melhorar. Esse movimento poderá ser visto já a partir desse verão, época na qual naturalmente o consumo aumenta devido ao calor. Ele, contudo preferiu não arriscar um cenário para o ano que vem. Disse que a empresa realiza exercícios todos os anos para avaliar diversos cenários com situações econômicas diversas. “Realmente estamos vendo que existe um sinal de melhoria no mercado de consumo”, resumiu.