No primeiro dia da reunião do Programa Mensal de Operação do SIN para novembro, encontro realizado na sede do Operador Nacional do Sistema Elétrico, no Rio de Janeiro, as condições do São Francisco são as que mais preocupam. A região inicia o mês com a perspectiva de apenas 28% da media histórica. O ano de 2016 promete ser o pior da série de 85 anos que o Brasil dispõe. O nível do armazenamento da UHE Sobradinho, se a defluência mínima se mantiver a 800 metros cúbicos por segundo, poderá alcançar, segundo a atual projeção, 3,8%.
Sobre a operação do sistema no mês de outubro, o destaque ficou com o aumento da afluência no submercado sul que levou à recuperação dos reservatórios naquela região. Esse movimento foi notado a partir de um sistema de baixa pressão que atuou na segunda metade do mês e pode culminar até mesmo com ações de vertimento, principalmente em Machadinho. A bacia do Uruguai foi a mais impactada com grande recuperação enquanto no Iguaçu a situação está sob controle. Segundo relato do operador, o sistema no Sul chegou a alcançar até 250% da média de longo termo e fechou o mês com 130% da média histórica o que levou ao replecionamento dos reservatórios da região.
Para o mês de novembro é esperada um maior uso do reservatório da UHE Tucuruí em virtude do uso maximizado de seus recursos hídricos. Esse uso, ao passo que o reservatório da usina no rio Tocantins não se recompôs pela primeira vez em sua história, será mais visto a partir do dia 14 de novembro a 17 de dezembro, quando a usina de Angra 2 será desconectada por conta de recarga de combustível. E em novembro deverá ser maximizada a operação da UHE Itaipu e de Furnas já que a bacia do rio Grande é uma das que apresenta maior nível de armazenamento e esse uso será para garantir a disponibilidade energética das usinas à jusante até a bacia do Paraná.
A perspectiva de armazenamento dos reservatórios do São Francisco para o inicio de dezembro, ao final do período seco, está em 14,4% para a UHE Três Marias, 9,1% na UHE Itaparica e a pior situação é da UHE Sobradinho, que se não houver a alteração da vazão par 700 metros cúbicos por segundo a partir de novembro chegará ao volume de 3,8%. Essa é a pior série histórica que Sobradinho está enfrentando, ainda mais restrita do que o ano passado que tinha assumido essa posição. Caso se autorize a defluência mínima para 700 m³/segundo esse volume ficaria em 4,5%, segundo os estudos do operador.
Na abertura da reunião foi apresentada aos agentes uma alteração da metodologia de previsão de carga a ser despachada pela UHE Itaipu ao Paraguai. Autorizada pela Aneel e com a concordância do ONS, será aplicado um incremento anual de 1% sobre o volume do ano anterior para aquele país. Esse indicador tem como base o crescimento da demanda de energia na comparação entre 2014 e 2015 e de 2015 para 2016. Apesar disso, argumentou o representante da Eletrobras que apresentou essa alteração, a cada quatro meses esse índice poderá ser revisto caso seja notada alguma variação mais significativa na carga solicitada pela Ande.
Em termos de climatologia, o ONS aponta que em novembro, dezembro e janeiro o destaque é o início das chuvas no Brasil Central e as temperaturas subindo em todo o país ao longo dos meses. Em termos de La Niña, não há mudanças significativas nas previsões para o SIN, há resfriamento, mas é de fraca intensidade e não deve impactar nas chuvas no país até este momento.
Segundo a previsão apresentada, as condições técnicas para a configuração do fenômeno climático La Niña não estão colocadas e a tendência é de neutralidade. E em relação ao período chuvoso, a umidade da Amazônia chega no Brasil Central o que configura a estação chuvosa. Por enquanto, estamos na estação de chuvas, de acordo com a situação atmosférica sobre o país e que indicam nesse momento uma possibilidade de período úmido normal.
De acordo com as previsões preliminares do operador em termos de vazões para o mês de novembro, os dados iniciais considerados para o período apontam para energia natural afluente na casa de 81% da para o submercado Sudeste/Centro-Oeste, de 121% da média de longo termo no Sul, 52% no Norte. O Nordeste, região mais pressionada do país em termos de hidrologia, iniciará o mês com uma perspectiva de apenas 28% da média histórica de vazões. A previsão é de aumento de carga com a iminência da elevação das temperaturas no país a partir de novembro.