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A seca prolongada que assola a região Nordeste há quase seis anos abriu uma discussão importante sobre qual deverá ser a prioridade para o uso da água do rio São Francisco nos próximos anos. A principal solução apoiada por diversos agentes do setor é a instalação de usinas térmicas na base, por ser a única fonte que reúne as características necessárias para compensar a geração hidrelétrica e promover a segurança energética da região.

O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica, Reive Barros, informou que vai sugerir ao Ministério de Minas e Energia a realização de leilão regional para contratação de 6 GW de capacidade térmica movida a gás natural a ciclo combinado para geração na base e instalação até 2030. O diretor, inclusive, sugeriu o preço teto de R$ 270/MWh para essa energia.

Segundo Barros, a medida promoveria alguns benefícios, a saber: o desenvolvimento do mercado de gás na região; a segurança energética; a recuperação dos reservatórios hidrelétricos; além de firmar a geração eólica que está em franca expansão na região.

“Estamos com um problema de segurança energética. Hoje a carga do Nordeste está na faixa de quase 11 GW e tem uma perspectiva de crescer 47% até 2024”, alertou Barros, que participou do Fórum Pernambuco e o Setor Elétrico Nacional nesta sexta-feira, 4 de novembro. “A nossa provocação é que em cada capital do Nordeste tenha uma térmica na base, aproveitando os terminais de regaseificação, trazendo num primeiro momento gás importado e num segundo momento gás do próprio pré-sal”, sugeriu Reive. “O novo governo está querendo revisitar todos os conceitos e nós estamos querendo introduzir esse conceito que precisa ser analisado.” Para ele, com a restrição hídrica do rio São Francisco, a destinação da água do rio vai ser para usos “mais nobres”.

O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Eduardo Azevedo, disse que o estudo para ampliação do mercado de gás é uma das prioridades do governo. Nesse momento, a equipe do ministério está costurando um modelo que viabilize a contratação dessas usinas um preço adequado. Segundo Azevedo, já no próximo ano o governo deve publicar alguma novidade sobre o assunto. Contudo, ele destacou que qualquer mudança será previamente discutida com o mercado. “A gente não tem a pretensão de lançar nada sem consultar o mercado”, garantiu.

O presidente da Chesf, José Carlos Miranda, concordou que o sistema elétrico precisa de mais energia firme na base. Para ele, com mais térmicas será possível deslocar a geração hidrelétrica para atendimento dos picos de carga. Ele lembrou que a companhia, em parceira com o MME, tem tocado um projeto que pretende recuperar as margens da bacia do rio São Francisco. A Chesf já plantou 1 milhão de mudas no baixo São Francisco. “Um dos pontos importantes é o da captação da água do rio. A gente não sabe quanto de água está sendo retirada do São Francisco para irrigação e se está sendo eficiente”, alertou. “Essa questão do São Francisco é fundamental.”

*Enviado Especial