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O mercado livre não está com tanta liquidez como no início do ano, quando o país viu um verdadeiro êxodo de empresas deixando o ACR em busca do ACL, resultado de um represamento de crescimento do ACL desde 2012 com a MP 579. Mesmo assim, esse movimento de mudança de ambiente de contratação não parou. Continua em um ritmo um pouco mais lento. Foi essa disparada de empresas rumo ao ambiente de contratação livre que levou à expansão da Comerc nesse período. A comercializadora do grupo passou de uma faixa de 250 clientes e 500 unidades de consumo para 700 empresas e 1.300 unidades de consumo, até setembro e a previsão é de adicionar mais 50 novos clientes por mês até o final de 2016.

Segundo o presidente da empresa, Cristopher Vlavianos, desde a MP 579 o mercado ficou praticamente parado. Nesse período, a empresa procurou manter conversas com os clientes e aguardar o melhor momento para a migração. Momento esse que veio a partir de 2015, principalmente, com a aplicação do tarifaço aos consumidores regulados.
“Tivemos o realismo tarifário e em segundo lugar um período chuvoso melhor que trouxe o preço do mercado livre ao que ele vale. Com isso, a indústria e o consumidor livre no geral viu que havia uma situação na qual ele poderia reduzir seu custo. Conquistar o cliente livre é um processo que dura até três meses para que se tenha a aprovação em trâmites internos das empresas. Nesse período houve casos em que o cliente queria fechar a mudança pelo telefone mesmo”, comentou. “Houve um caso de um grande consumidor que conseguiu uma redução de 50% no custo de energia, o que ajudou a melhoria de sua competitividade somente com essa ação”, exemplificou o executivo.
Um reflexo desse crescimento acelerado foi a mudança da sede da empresa, que deixou a região da Faria Lima para um novo conjunto de escritórios de alto padrão entre o Itaim e a Vila Olímpia, em São Paulo. Nos cálculos de Vlavianos, a Comerc dobrou a área física passando a ocupar 2,2 mil metros quadrados. Além disso, foram abertos novos escritórios e ampliados os de Florianópolis (SC) e de Ribeirão Preto (SP). Além desses, passou a ter presença em Campinas e São José dos Campos, ambos em São Paulo, em Bento Gonçalves (RS) e Manaus (AM). A meta é a de ficar próximo aos clientes que aumentaram em volume e abrangência, principalmente, nesta última geografia que recentemente começou o processo de entrada no ACL com a integração da capital amazonense ao SIN.
Junto ao crescimento em área, a Comerc vem avançando em novas unidades de atendimento ao mercado e atualmente conta com cinco empresas. Além da comercializadora, o grupo passou a contar com unidades voltadas a eficiência energética, energia solar, ao mercado de gás e serviços.
De acordo com o diretor vice presidente da Comerc, Marcelo Ávila, a empresa é hoje uma provedora de solução, não apenas de comercialização de energia. Hoje, exemplificou,  a companhia está capacitada a desenvolver estratégias integradas envolvendo a eficiência energética com diagnóstico de um cliente e o melhor para ele, se passa por investimentos em equipamentos para melhorar seu consumo ou caminhar para a instalação de sistemas de geração distribuída.
Vlavianos lembra que apesar de o Brasil ter passado por uma grande ação de eficientização do uso da energia por conta do racionamento de 2001 a 2002, ainda há um grande potencial a ser explorado nesse campo. “Ninguém sabe o potencial, mas todo mundo tem condições de reduzir o consumo e ver se vale a pena esse investimento. Até porque não há essa gordura do passado, então o trabalho demanda que busque ganhos em eficiência por meio do uso da tecnologia, como, por exemplo, trocar a iluminação por lâmpada de led ou instalar placas solares”, disse.
Ávila lembra que no inicio dos anos 2000 vimos uma série de investimentos em novos equipamentos. Agora estes já são bem menos eficientes que os atuais. Ele critica ainda a questão dos créditos para a geração distribuída. Segundo ele, a legislação da forma que está ainda não incentiva a eficiência do uso dos recursos. A questão é se o proprietário desse sistema gera créditos e não consegue usá-los no período determinado de até 36 meses, ele perde essa vantagem, fator que desincentiva o investimento para aproveitar todo o potencial. Ao contrário, destacou, será um incentivo a usar a energia de forma ineficiente, somente para não gerar créditos por injetar a produção excedente na rede. “Se houvesse a possibilidade de vender essa energia, o sinal seria diferente. Essa perspectiva de se ceder créditos ao invés de vender a energia amarra o processo”, comentou.
No segmento varejista, onde a Comerc foi uma das primeiras a ser habilitada junto à CCEE, apesar da demora dessa modalidade em decolar, a tendência é de que essa figura apresente expansão, até porque é necessário que se tenha no mínimo R$ 5 milhões de capital para entrar como comercializador varejista. E como o próprio nome diz, varejo é volume e precisa de giro financeiro. Em um cálculo básico, estimou Vlavianos, manter esse tipo de empresa aberta, mas parada, leva a uma perda de R$ 150 mil somente com a diferença por impostos que incidem sobre esse capital obrigatório.
Em sua avaliação o processo para o comercializador varejista envolve diversos riscos e o principal é o de inadimplência, que associado ao recurso judicial forma uma dupla que pode trazer problemas, ainda mais em um momento no qual a judicialização do setor continua em andamento. “Se o cliente inadimplente obtém uma liminar, você acaba sendo obrigado a fornecer energia independente do preço, e tem que fornecer a energia sem a garantia de que ele irá pagar”, comentou ele ao ilustrar que é preciso uma análise de risco robusta para fechar contratos nessa modalidade.
No final de outubro a Comerc Varejista, subsidiária da empresa para o novo segmento anunciou o primeiro contrato da modalidade no país, fechado com a Fazenda Colorado, em Araras (SP), a empresa contratou 0,7 MW médios cujo fornecimento se deu a partir de agosto. Esse volume de energia se destina a atender as instalações industriais, galpões e silos, além de plantações de milho e capim pré secado, utilizados para a alimentação do rebanho leiteiro com 3,8 mil cabeças de gado. A estimativa inicial é de uma economia de 20% com essa migração.