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Um dos maiores players de energia e gás no mundo, a italiana Enel confirmou que está avaliando a compra da concessionária goiana Celg, embora a companhia ainda não tenha decidido se vai ou não entrar na disputa pelo ativo no leilão marcado para 30 de novembro. “O Grupo Enel tem muita experiência no mundo todo, realmente [é um ativo que] vale a pena ser estudado. Nós estamos estudando, mas não decidimos se vamos entrar ou não”, disse Mário Santos, presidente do Conselho de Administração da Enel Brasil.

O engenheiro elétrico Mário Santos é um dos executivos mais admirados do setor elétrico. Com mais de 50 anos de experiência, iniciou sua carreira na Chesf ainda em 1963, passou pelo Ministério de Minas e Energia na década de 1990 e foi fundador do Operador Nacional do Sistema Elétrico, onde atuou como diretor geral entre 1998 a 2005. Em entrevista exclusiva à Agência CanalEnergia, realizada em Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, na última sexta-feira, 4 de novembro, Santos listou as características que fazem da área de concessão da Celg um bom negócio.

“É um mercado que, enquanto o resto do país sofreu recessão, a concessão da Celg continua positiva. Tem um potencial muito grande, sobretudo da agroindústria. É um mercado que tem claramente perspectiva de crescimento. O nível de perdas é razoável, está em 12% e 13%, o que é uma oportunidade de se fazer upside na relação de perdas. A qualidade realmente é um desafio, mas com as novas curvas da medida provisória, você tem uma curva mais suave, não exige um investimento de imediato. Com todo esse conjunto de parâmetros, se acredita que realmente é uma empresa que atrai para você avaliar.”

O valor pedido pelo ativo, disse Santos, se tornou mais agradável ao paladar dos investidores. “Eu diria que se comprarar o número de interessados com o preço antigo e com o que está agora, é evidente que se tornou mais palatável. Acredito que dessa vez o leilão não será vazio, haverá concorrentes.”

A Eletrobras fracassou na primeira tentativa de vender a Celg em agosto, uma vez que o preço mínimo de R$ 2,6 bilhões foi considerado muito alto, o que afugentou os potenciais interessados. Uma nova tentativa será feita em 30 de novembro, agora com o preço de R$ 1,79 bilhão. No dia 28 de setembro, o BNDES realizou, no Rio de Janeiro, um encontro chamado “Celg e outras Oportunidades de Investimentos”, que contou com a participação das empresas Equatorial, Iberdrola, Neoenergia, Enel, CPFL Energia e Energisa. A Neonergia afirmou que está fora desse páreo.

A licitação da Celg é um primeiro passo para uma grande rodada de privatização de ativos de distribuição que hoje são operados precariamente pelo grupo Eletrobras. O sucesso do leilão da concessionária goiana servirá para balizar as privatizações da Eletrobras Distribuição Alagoas (AL), Amazonas Energia (AM), Eletrobras Distribuição Piauí (PI), Eletrobras Distribuição Rondônia (RO), Eletrobras Distribuição Acre (AC) e Eletrobras Distribuição Roraima (RR), que deverão ser vendidas no segundo semestre de 2017.

O Grupo Enel tem forte atuação na Europa e na América Latina. Presente em cinco continentes e com operações em mais de 30 países, possui quase 89 GW de capacidade instalada e uma rede de distribuição de eletricidade e gás de aproximadamente 1,9 milhão de quilômetros. Em 2014, a Enel apurou cerca de 76 bilhões de euros de faturamento, um ebitda de 15,7 bilhões de euros e resultado líquido na casa dos 3 bilhões de euros. Suas operações abrangem uma rede diversificada de centrais de energia, que engloba de usinas hidrelétricas, termelétricas, nucleares, geotérmicas, eólicas e fotovoltaicas.

No setor de distribuição da América Latina, o grupo está presente nos estados brasileiros do Ceará (Coelce) e do Rio de Janeiro (Ampla) e em quatro das maiores cidades da América do Sul: Bogotá (Colômbia), Buenos Aires (Argentina), Santiago do Chile e Lima (Peru). Segundo Mário Santos, a Enel está comprometida com o Brasil e tem capacidade econômica para seguir crescendo no país. “A Enel acredita no país, confia e estuda oportunidades de maneira positiva.”

*Enviado Especial