Ainda longe dos mercados europeu e americano no campo das redes inteligentes, o Brasil precisa de investimentos pujantes para modernizar as suas redes de distribuição. De acordo com o presidente da Enel no Brasil, Carlo Zorzoli, as redes nacionais têm uma filosofia antiga e sem tecnologia, o que pode gerar prejuízo no curto prazo. "O país não pode funcionar se não tem uma rede moderna", afirma Zorzoli, em entrevista a jornalistas na última terça-feira, 9 de novembro, na sede da empresa em Niterói (RJ).
O grupo de origem italiana controla no Brasil a Enel Distribuição Rio (RJ) e a Enel Distribuição Ceará (CE), novas denominações da Ampla e da Coelce. Ainda de acordo com o executivo, a demora nessa modernização vai deixar o país muito distante ao que é praticado nos mercados mais avançados. Lembrando que a empresa é uma das pioneiras no uso da tecnologia no mundo, Zorzoli ressalta que esses investimentos em tecnologia e redes gerariam um número considerável de empregos e ainda seriam mais efetivos que os realizados em grandes empreendimentos de geração hídrica que enfrentam problemas de aceitação da sociedade.
Zorzoli pede mudanças no marco regulatório do tema para que possa haver um deslanche na instalação de medidores eletrônicos e a tecnologia smart grid no país. "A medida que as regras sejam claras e factíveis nós estaremos prontos para instalar medidores eletrônicos", avisa. Ele reforça a lacuna atual na infraestrutura da distribuição do país e lembra que as redes do mundo estão se digitalizando, ficando a serviço do setor elétrico e da cidade. O executivo sugere ainda que a adoção do smart grid seja feita por etapas. A primeira seria a instalação dos medidores, considerados a espinha dorsal do smart grid. "Com o tempo, poderão ser agregadas outras tecnologias para chegar em uma rede verdadeiramente inteligente", pondera.
Ele almeja ainda um projeto de Pesquisa & Desenvolvimento sobre mini grids. A Enel tem no Brasil o projeto Búzios Cidade Inteligente. Lançado em 2012, o programa tem investimentos de R$ 40 milhões e instalou 10 mil medidores na cidade, além de iniciativas como a iluminação pública eficiente, automação de redes, uso de painéis solares e o de veículos elétricos. Além disso, a rua principal da cidade foi dotada de internet sem fio e um aerogerador faz microgeração de energia no centro de monitoramento da distribuidora.