A State Grid Brazil Holding segue negociando uma possível compra dos ativos operacionais da espanhola Abengoa, empresa que está em recuperação judicial no Brasil desde o início do ano e que enfrenta grandes dificuldades financeiras por parte de sua controladora na Espanha. Segundo o vice-presidente da State Grid Brazil Holding, Ramon Haddad, a chinesa já descartou a compra dos ativos em construção, que somam linhas na ordem de 6,1 mil quilômetros, porém disse que a companhia ainda não desistiu de adquirir os ativos operacionais.

"Os ativos que estão sob a Abengoa ainda estão em negociação, mas é feita diretamente lá da China", declarou o executivo. "As linhas em construção nós definitivamente não estamos mais analisando", informou Haddad, que conversou com jornalistas nesta quinta-feira, 10 de novembro, em São Paulo, durante o Workshop On Power Transmission Bussiness in Brazil, promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – ApexBrasil.

O executivo comentou a ausência da State Grid no último leilão de transmissão, realizado em outubro. Ele explicou que a empresa tinha a intenção de disputar três lotes, mas que por uma "questão de momento" optou por ficar de fora da disputa. "Estamos com os nossos projetos em carteira, para gente está suficiente, vamos avaliar um pouco mais."

"Nosso volume de investimento está grande. Se você considerar o que está em andamento, que é projeto de Belo Monte 2 mais as duas linhas de Teles Pires, estamos falando em algo de R$ 10 bilhões", resumiu o executivo.

A Abengoa possui 6,8 mil quilômetros de linhas de transmissão em operação no Brasil e 6,1 mil quilômetros em implantação. Entre as obras em construção está o projeto do linhão que irá escoar parte da energia da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA), para o Nordeste. Os projetos em construção pela Abengoa no Brasil estão paralisados desde novembro de 2015 e a Aneel iniciou o processo de caducidade dessas concessões no final de junho. Por outro lado, os ativos em operação despertam o interesse de investidores estrangeiros, como já declarado pela State Grid Brazil e pela Equatorial Energia.