Um dos critérios de classificação de empreendimentos para o próximo leilão de reserva, a margem de escoamento da transmissão definida previamente pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico pode deixar fora do certame projetos nos estados da Bahia, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul, onde os troncos já estão congestionados. Em tese, não há impedimento para que usinas cadastradas nesses estados possam concorrer, mas o empreendedor terá que se conectar a um ponto mais distante, o que pode eventualmente impossibilitar a implantação do projeto.
“Eu acho que, na Bahia, dificilmente ele vai achar um ponto viável”, avalia o diretor da Tiago Correia, da Agência Nacional de Energia Elétrica. O estado se destaca com o maior número de empreendimentos cadastrados para o certame na Empresa de Pesquisa Energética. São 249 projetos eólicos e 101 solar fotovoltaicos que somam 9,5 mil MW, de um total de 35 mil MW inscritos para o LER do próximo dia 16 de dezembro. No Rio Grande do Norte, a potência total fica em torno de 7,2 mil MW, com 223 eólicas e 58 fotovoltaicas; e, no Rio Grande do Sul, em cerca de 3,1 mil MW com 127 eólicas.
Os gargalos no Nordeste têm, de alguma maneira, relação com problemas na conclusão de empreendimentos de transmissão como os da Abengoa e os da Braxenergy, mas não são a causa predominante, na opinião de Correia. “A gente teve alguns leilões que não foram completamente viáveis, mas os efeitos em relação a essa margem de escoamento anda não são plenos”, explica o diretor.
Ele acredita que os problemas de escoamento estão relacionados ao planejamento que se tinha no passado, quando a geração era contratada antes da transmissão, com prazos de conclusão menores que os atuais. “Não é que atrasaram as linhas. É que a transmissão não se faz mais em três anos. Ela se faz em cinco. Então, para ajustar, a gente deu esse hiato”, diz.
Na segunda etapa do leilão nº 13, realizado em 28 de outubro, foram licitadas, por exemplo, instalações destinadas a escoar energia de centrais eólicas e fotovoltaicas da Bahia. Há um grande tronco com varias linhas em Minas Gerais exatamente para isso. Não há consenso na agência em relação a que pode ser considerado como margem de escoamento de energia, mas Correia acredita que empreendimentos de transmissão que não apresentarem problemas de atraso no monitoramento de obras realizado pela Aneel podem entrar como margem futura.