O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, apresentou ao mercado nesta sexta-feira, 11 de novembro, o novo Plano Diretor de Negócios e Gestão (PDNG-2017/2021) da companhia, cuja previsão de investimentos para os próximos cinco anos é da ordem de R$ 35,8 bilhões, o que representa uma redução de 29% em relação ao plano de negócios 2015/2019 (R$ 50,3 bilhões). Os recursos serão majoritariamente direcionados para a conclusão de empreendimentos de geração e transmissão já contratados. A empresa sinaliza que terá uma participação tímida em novos investimentos no setor elétrico nos próximos anos.
Segundo o executivo, a prioridade será reduzir o endividamento da companhia através de ações que envolvem o aumento da eficiência operacional e corporativa, e a desmobilização de ativos operacionais e não- operacionais. Está previsto a venda de imóveis administrativos, de participações em SPEs não estratégicas e a privatização das distribuidoras. Também será realizado um Plano de Aposentadoria Incentivada (PAI) para 4.937 funcionários elegíveis. A meta é reduzir o indicador de alavancagem para menos de 4x a relação dívida líquida/ebitda, ante 8,7x no final do terceiro trimestre de 2016.
O novo plano de negócio da Eletrobras está apoiado em três bases: Eficiência Operacional e Corporativa; Redução do Endividamento; Governança e Compliance. No campo a eficiência operacional, até fevereiro de 2017 a companhia espera reduzir o número de gerências em 52% na holding e 26% nas empresas controlas; cortar cargos comissionados e funções gratificadas de assistentes e assessores. Com essas ações e o PAI, a empresa espera economizar R$ 67,8 milhões já em 2017.
Privatizações – A Eletrobras divulgou um calendário para o processo de privatização das distribuidoras. A realização dos leilões só deve acontecer no segundo semestre do próximo ano. Com a venda da Celg, a empresa estima ganhos de R$ 913 milhões em 2017.
O executivo também revelou como serão os desinvestimentos em SPEs. Segundo ele, a ideia é fazer uso, já no primeiro semestre de 2017, da clausula de tag along para os empreendimentos onde os sócios controladores já manifestaram interesse em comprar a participação da Eletrobras. A expectativa é arrecadar R$ 4,5 bilhões com a operação. De acordo com Ferreira, já há negociações nesse sentido e há um “grande interesse” da empresa de avaliar essas oportunidades. “Temos um potencial muito grande em cima disso.”
A Eletrobras conseguiu com a União um aporte de R$ 970 milhões que serão utilizados para regularização de projetos de geração. O BNDES ainda liberou R$ 500 milhões para o projeto da UHE Sinop, R$ 1 bilhão para UHE São Manuel e R$ 2,56 bilhões para a linha de transmissão de Belo Monte. Passados 100 dias desde que chegou a empresa, Ferreira disse que está confiante que conseguirá recuperar a maior empresa de energia elétrica do Brasil. “Não tenho dúvidas de que essa companhia será capaz de – num tempo muito rápido – virar esse jogo”, declarou.
Em 2017, a Eletrobras pretende criar e implementar um Centro de Serviços Compartilhados e um Comitê de Comercialização de Energia no âmbito da holding com participação de todas as controladas visando a otimização das operação de venda de energia.
Desafios – O novo plano de negócios da companhia traz desafios classificados como “conjunturais”, entre eles, prevê a criação de uma estratégia para estancar os custos com o pagamento de empréstimo compulsório; equacionar a paralisação da obra de Angra 3; equacionar os prejuízos da CGTEE, equacionar a dívida de R$ 6,6 bilhões junto à Petrobras, bem como regularizar 106 obras de transmissão que estão em atrasos por problemas ambientais e atrasos de aportes.