O Brasil tem duas opções para atribuir segurança na operação do sistema elétrico, ou volta a ter usinas com reservatórios ou terá que colocar térmicas na base. Essa é a avaliação do secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Fábio Lopes Alves. Em sua avaliação o país precisará dessas duas fontes para trazer capacidade de regularização para que não haja estresse no sistema todos os anos esperando por um regime hidrológico favorável.
“Ou volta a ter usinas hidrelétricas com reservatórios ou teremos que colocar térmicas na base. Por mais que a eólica, a gente entende que esta é uma energia muito boa, avance apresenta uma variabilidade muito grande e nunca será energia de base, sempre complementar. Quando perdermos a nossa capacidade de regularização não adianta esperar e rezar para que chova todo ano”, avaliou Alves durante a abertura da 14ª edição do Encontro para Debates de assuntos de Operação (EDAO), realizado em São Paulo.
Ele lembrou que a vazão em Sobradinho caiu para 750 metros cúbicos por segundo e que recuará mais ainda, até 700 m³/s. Se o Brasil tivesse térmicas contratadas para operar na base o custo dessas usinas seria mais baixo do que as que estão hoje contratadas. E apontou que hoje há um preconceito quando se fala em barragens, mas disse que estes ativos trazem a possibilidade de regularização de rios e por outro lado evitam as cheias.
“Se não tiver um acordo nacional interministerial não construiremos mais essas usinas. Precisamos de um pacto nacional para termos essas usinas. O problema é que se tomarmos a decisão hoje são cerca de 10 anos para as centrais ficarem prontas. Como no setor elétrico os prazos são elásticos, teremos que colocar térmica porque todo ano seremos vulneráveis. Térmica tem que ser estruturante, e os leilões deveriam ser por fonte e por região”, enfatizou.
Segundo o secretário de Energia Elétrica do MME, no dia da votação da MP 735, que foi convertida na lei 13.360/2016 houve frissom por conta da emenda da modernização das térmicas a carvão na região Sul. E, destacou, não foi o MME que vetou, foi uma ação de governo e do Meio Ambiente que levou a essa proibição. E criticou a desinformação da sociedade quanto aos impactos das UHEs e das térmicas a carvão. E argumentou que as térmicas mais modernas associadas ao uso de filtros trazem um nível baixo de poluição. E ainda lembrou que um grande impacto acontece nas regiões onde se extrai o mineral. “O artigo foi vetado, mas é necessário voltar para discutir com a sociedade. E para isso o CNPE talvez seja o fórum mais adequado”, avaliou.