A disputa judicial envolvendo a discussão do GSF pode prejudicar a disposição das empresas do setor sucroenergético a seguirem investindo na produção de eletricidade, alerta a diretora-presidente da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), Elizabeth Farina. Segundo a economista, alguns de seus associados estão sem receber por causa desse impasse. "Tem gente que não está recebendo… e tem gente que ingressou em juízo", disse a executiva à Agência CanalEnergia nesta segunda-feira, 28 de novembro.
No setor elétrico, a Unica representa as empresas que utilizam a biomassa de produtos agrícolas para produção de eletricidade. Em razão da judicialização que hoje impede a cobrança de R$ 1,39 bilhão, alguns de seus associados estão sem receber pela energia entregue ao mercado. O problema ocorre porque o dinheiro disponível na liquidação financeira do mercado de curto prazo (MCP) não é suficiente para realizar o pagamento para todos os agentes.
"Isso é para se preocupar, é uma regra importante…hoje a gente falou tanto de regras e para quem entregou energia e não recebe é uma quebra de regra fundamental. A judicialização é um custo enorme e isso tem impacto sobre a disposição ao investimento para frente. Essa Câmara tem que funcionar", exigiu Elizabeth, após palestrar no Unica Fórum, evento que acontece em São Paulo.
O presidente do Conselho da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Rui Altieri, compartilha da preocupação expressada pela presidente da Unica. Altieri teme que a escalada das ações judiciais chegue a um ponto que leve a paralisação do mercado de energia. De acordo com o executivo da CCEE, essa conta cresce entre R$ 100 e 150 milhões a cada nova liquidação. Na última liquidação referente ao mês de setembro, de R$ 2,39 bilhões contabilizados, R$ 1,39 bilhão do valor não pago envolve ações judiciais questionando o pagamento do risco hidrológico (GSF). Elizabeth Farina disse que tem conversado com o governo em busca de uma solução.