Mesmo com uma única proposta pela aquisição da distribuidora goiana, o governo federal afirmou que o fato de se ter obtido um ágio de 28,03% sobre o preço mínimo estabelecido representou um marco histórico no Brasil e considerou o leilão um sucesso. Ainda mais pelo momento econômico do país e processo de consolidação no setor elétrico, que tem, entre outros movimentos, investimentos pesados de chineses na CPFL e a concessão de quase todos os lotes de transmissão do último certame com novos players chegando ao mercado nacional.

“Houve competição sim e o processo foi desenhado de forma que houvesse essa disputa. Olhando o cenário do mercado, tivemos em transmissão grandes investimentos e houve ainda a compra da CPFL. O nosso sucesso em outros campos talvez tenha limitado a presença neste leilão. Mas é preciso destacar que a condução do BNDES nesse processo foi inteligente para que o agente apresentasse uma proposta que lhe interessava. Ele pagou o que achou que valia a empresa. Capturamos assim o resultado de um processo competitivo. Todos os lados saíram satisfeitos”, disse o secretário executivo de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, em entrevista coletiva após o leilão.

Agora, lembrou Pedrosa, o trabalho para as próximas privatizações já será retomado a partir da próxima quinta-feira, 1º de dezembro com uma reunião do MME com o BNDES para tratar das demais distribuidoras do grupo Eletrobras e que fazem parte do PPI.

Ainda não há um cronograma oficial ou modelo para as próximas distribuidoras, disse Pedrosa. O prazo que está previsto no PPI é de licitar as concessionárias até dezembro de 2017 e até lá será realizada essa tarefa, seja em conjunto ou separadamente. O objetivo será o de capturar o melhor valor para a sociedade e para a Eletrobras. De acordo com o diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social envolvido nesse programa, Rodolfo Torres, o trabalho vem avançando internamente com a equipe própria da instituição. E, a partir do ano que vem, com a contratação das consultorias cujo processo de contratação via licitação foi lançado ontem (29), a avaliação será feita no primeiro semestre para ano segundo ter definido o modelo de venda. Ele comentou que não há definição sobre como essas empresas serão ofertadas ao mercado.

Pedrosa destacou que o processo de venda da Celg vem se desenrolando desde antes do governo atual. Agora o dispositivo de privatização será utilizado de forma menos tímida do que no anterior e isso, disse ele, dará a liberdade da venda das antigas concessionárias com um novo contrato de concessão que já foi desenvolvido para o processo finalizado nesta quarta-feira. As próximas, continuou ele, são empresas de mercados mais complexos e tem confiança de que repetindo esse case da Celg- e com mais liberdade de usar o termo privatização – o governo conseguirá bons resultados, tanto para o governo quanto para os consumidores que deverão perceber a melhoria de qualidade.

Wilson Ferreira Jr, presidente executivo da Eletrobras, por sua vez, destacou que essas outras seis operações trazem uma importante oportunidade para players interessados em reduzir as perdas e ganhar por meio de busca de maior eficiência. “Aquilo que é ruim para o mercado representa uma oportunidade para o operador”, definiu.

Na avaliação do diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica, André Pepitone, o dia representou um momento histórico para o país por ser o primeiro leilão dessa nova onda de privatizações e que foi capaz de atrair um investidor do peso da Enel. “Foi um sucesso esse leilão e com um ágio que nos impressionou, o que traz beneficio à sociedade brasileira. Nós da Aneel olhamos para a eficiência no serviço prestado e a Enel já atua no país sendo benchmark no mercado no combate a perdas no Ceará. Agora o novo desafio está baseado em um contrato de concessão moderno fruto de audiência pública e interação com a sociedade ao privilegiar a eficiência e a qualidade dos serviços”, destacou ele.

Para ele, o resultado do certame voltou a colocar o Brasil como um país propício a investimentos com regras claras e ambiente favorável à atração desses investimentos.