Quase todas as empresas do setor de transmissão estão com seus programas de substituição e reforços em linhas e subestações atrasados, disse o diretor-presidente da Cteep, Reinaldo Passanezi, durante participação no Encontro de Altos Executivos do Setor Elétrico, evento realizado pela Associação Brasileira de Concessionárias de Energia Elétrica (ABCE) nesta quinta-feira, 1º de dezembro, em São Paulo. Segundo o executivo, o setor tem operado com um prejuízo operacional de R$ 800 milhões ano, ante uma necessidade de investimentos em reforços e manutenção da ordem de R$ 7 bilhões anuais.
Passanezi criticou o fato da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) priorizar os investimentos em novos projetos em detrimento das necessidades de substituição de ativos existentes. Para ele, essa cultura de "tratar bem apenas o novo" faz com que o setor seja ineficiente. "A gente trata mal o incumbente e quer incentivar o novo… isso implica em uma quantidade de investimento desnecessários, que estão aí sem gerar aumento na capacidade produtiva do país", disse.
Segundo o executivo, um levantamento realizado pela companhia apontou que há R$ 150 bilhões em investimentos de transmissão que foram realizados no passado e que estão totalmente depreciados. Há ainda R$ 4 bilhões em equipamentos com a vida útil vencida e que precisam ser substituídos imediatamente. Ele lembrou que o Wacc para reforços é de 6,64% enquanto a Wacc dos leilões está entre 8% e 10%. “Tem um monte de investimento que você poderia fazer em termos de modernização dos equipamentos existentes que eliminariam a necessidade de fazer investimentos novos”, declarou.
A expectativa é que com o início do pagamento das indenizações da RBSE, a partir de junho de 2017, as transmissoras consigam realizar os investimentos em reforços que estão atrasados. "A portaria (MME nº 120/16) vai trazer um impacto muito expressivo… vai permitir a realização dos investimentos que estão atrasados."