O crescimento da demanda mundial de carvão vai cair nos próximos cinco anos à medida que o apetite pelo combustível diminui em decorrência do cresimento de outras fontes. De acordo com a perspectiva da Agência Internacional de Energia, divulgada nesta segunda-feira, 12 de dezembro, a participação do carvão no mix de geração de energia cairá para 36% até 2021, ante os 41% de 2014.O mais recente relatório da AIE sobre o mercado no carvão de médio prazo, aponta que essa queda tem como principais fatores a menor demanda da China e dos Estados Unidos, rápido crescimento das energias renováveis ​​e forte foco na eficiência energética.

Contudo, a avaliação da agência é de que o mundo ainda é altamente dependente do carvão. Enquanto a demanda pelo combustível caiu em 2015 pela primeira vez neste século, a AIE prevê que a demanda não chegará aos níveis de 2014 novamente até 2021. No entanto, tal caminho dependeria muito da trajetória da demanda chinesa, que responde por 50% do consumo global de carvão e quase metade da produção desse mineral.  

O novo relatório destaca a continuação de uma grande mudança geográfica no mercado global de carvão em direção à Ásia. Em 2000, cerca de 50% da demanda de carvão estava na Europa e na América do Norte, enquanto a Ásia representava menos da metade. Em 2015, a Ásia representava quase três quartos da demanda, enquanto o consumo na Europa e na América do Norte havia declinado para menos de um quarto. E a perspectiva é de que esta mudança vai se acelerar nos próximos anos.

Na avalição da agência, o carvão continua a ser o combustível número um do mundo para gerar energia, produzir aço e fazer cimento por conta de sua acessibilidade e disponibilidade. Fornece quase 30% da energia primária do mundo, declinando para 27% em 2021. No entanto, também é responsável por 45% de todas as emissões de carbono relacionadas à energia e é um contribuinte significativo para outros tipos de poluição.

De acordo com o diretor de mercados de energia e segurança da AIE, Keisuke Sadamori, é muito cedo para dizer que este é o fim do carvão diante do seus usos mesmo sendo combatido por diversas regiões em decorrência de seu impacto ambiental.

Segundo o relatório, a geração de energia elétrica a carvão na China caiu em 2015 devido à fraca demanda e uma política de diversificação que levou ao desenvolvimento de novas capacidades de geração de fontes renováveis e nuclear. A previsão da IEA para a demanda chinesa de carvão mostra um declínio lento, com produtos químicos sendo o único setor em que a demanda de carvão vai crescer.  

Nos Estados Unidos, o consumo de carvão caiu 15% em 2015, precipitado pela concorrência de gás natural barato, energia renovável mais barata, com destaque para a eólica, e regulamentos para reduzir os poluentes. Outro declínio substancial é esperado em 2016. Olhando para o futuro, a AIE prevê uma redução de 1,6% ao ano, índice menor do que 6,2% dos últimos cinco anos.