Foi inaugurada pelo consórcio Energia Sustentável do Brasil nesta sexta-feira, 16 de dezembro, a hidrelétrica de Jirau (RO – 3.750 MW). A usina, que fica localizada no rio Madeira, foi viabilizada no leilão A-5 de 2008 e consumiu R$ 19 bilhões em investimentos. Atualmente, a usina é a terceira maior em operação no país e 17º no mundo. A potência da usina é capaz de atender mais de 40 milhões de pessoas. De acordo com Victor Paranhos, presidente da Energia Sustentável do Brasil, a imponência do projeto aliada à sua complexidade deu o tom na construção da usina. “Jirau nasceu como um dos maiores desafios da engenharia. Mais de 22 mil trabalhadores e 7,5 mil toneladas de ferro. É referência no mundo", explica. As obras da usina duraram oito anos.
A ESBR é formado pela Engie, que detém 40% de participação, por duas subsidiárias da Eletrobras, Chesf e Eletrosul, com 20% cada uma e pela japonesa Mitsui, que também tem 20% do projeto. Presente na inauguração, o presidente da Engie no Brasil, Maurício Bahr, salientou que com a usina, ela triplica seus negócios no Brasil. Para ele, aspectos como resiliência, perseverança e profissionalismo, foram fundamentais na execução da UHE. Contratempos como os atos de vandalismo no canteiro de obras e as chuvas acima da média também foram lembrados pelo executivo. "Jirau talvez seja o maior projeto que tenhamos desenvolvido nos últimos 20 anos", observa. Para Bahr, o desafio continua, só que agora na operação da usina.
As características do rio Madeira deram forma aos desafios. Ele possui muitos sedimentos e como o próprio nome diz, troncos de madeira chegam a passar por ele e tem uma forte vazão. A implantação da hidrelétrica veio acompanhada de um forte programa ambiental, que demandou investimentos de R$ 1,2 bilhão em sustentabilidade. Segundo Paranhos, da ESBR, o conhecimento sobre a região amazônica hoje é maior graças aos empreendimentos hidrelétricos que estão sendo construídos na região, como as UHEs Santo Antônio e Belo Monte, além da própria Jirau.
Para o presidente da ESBR, a mudança no eixo do barramento da usina, que possibilitou a economia de um bilhão de dólares na construção da usina foi considerada arrojada. "É uma proposta que marca o setor elétrico brasileiro", aponta. Para Maurício Bahr, o aprendizado na construção da usina foi grande e vai ficar para outros projetos similares. Segundo ele, muitas coisas poderiam ter sido evitadas, como atrasos na linha de transmissão. Aprendendo com esses problemas podemos evitar nos próximos", avisa. Ele acredita que o potencial hidrelétrico do país deva continuar a ser explorado, devido a sua qualidade.
*O repórter viajou a convite da ESBR