O diretor geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek, defendeu a retomada da expansão da geração brasileira por meio de usinas hidrelétricas. Ele utiliza o exemplo de Itaipu e seu impacto na área de influência para ratificar que esse tipo de ativo traz mais benefícios do que problemas para a região, inclusive ambientais, por aplicar projetos de proteção ambiental e de desenvolvimento econômico por meio do uso de recursos antes não aproveitados. Nesse sentido, comentou que o aproveitamento de São Luiz do Tapajós, cujo licenciamento ambiental foi negado há cerca de dois meses pelo Ibama, é viável.
“Tem que retomar [o projeto de Tapajós] sim, Itaipu pode colaborar com essa retomada, inclusive, lá tem o conceito de usina plataforma, onde você tira toda a estrutura para a sua construção e fica somente a usina”, comentou Samek. “Tapajós é extraordinariamente viável assim como os outros aproveitamentos brasileiros que estão todos na Amazônia porque o que existia no Sul e Sudeste já foi feito”, acrescentou.
Entre os argumentos que balizam sua avaliação está o de que qualquer cidade o Brasil que tenha uma hidrelétrica vivenciou a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Citou o pagamento de royalties, desenvolvimento da própria cidade em si, atração de investimentos em diversas áreas como o resultado dessa concentração de recursos que são destinados à construção de usinas. “Não há caso de um município se quer que peça o fechamento de uma hidrelétrica, a usina é fator positivo de desenvolvimento. Isso é possível, desenvolvimento e sustentabilidade, podem andar associados”, afirmou.
Em entrevista após o evento de comemoração ao novo recorde de produção de Itaipu, alcançado nessa sexta-feira, 16 de dezembro, Samek lembrou que a primeira obra de engenharia no mundo foi vista na China, há mais de 4 mil anos e na forma de uma barragem para regularizar vazões de rios. Segundo ele, é um desperdício saber que tem potencial de aproveitamento melhor da hidrologia. “Mais do que isso, é falta de inteligência, de planejamento e engenharia”, apontou.
Samek lembra de uma visita que fez às obras da UHE Belo Monte (PA, 11.233 MW) que será a maior usina totalmente brasileira quando estiver pronta e destacou que o reservatório de lá equivale a apenas um terço do que é Itaipu. Além disso, destacou que a cidade de Altamira é a maior em região do Brasil com quase o tamanho do estado do Paraná inteiro. “Dizer que um reservatório desses vai impactar o meio ambiente é um absurdo. No Brasil inteiro, somando todas as UHEs e reservatórios, inclusive de saneamento, mais açudes, tudo isso ocupa apenas 0,4% do território brasileiro”, comparou. Com esse dado, acrescentou, o impacto diante do benefício proporcionado tem potencial reduzido.
O diretor avaliou ainda que o Brasil não deve nada a ninguém em termos proteção ambiental. Ele lembra do próprio caso de Itaipu e os 40 municípios que estão em volta de seu reservatório. Hoje, relatou ele, essa é a região do país onde o código florestal é aplicado em 100% da área. O reservatório com mata ciliar em todo o seu entorno evita o avanço de poluição das águas por agrotóxicos, produtos plásticos e a proliferação de algas e outros elementos resultantes dessa poluição.
Esse, disse ele, é o resultado da visão da empresa em ser além de uma geradora, uma empresa-cidadã com preocupações ambientais e projetos que viabilizem outras áreas de produção como programas de biogás, carro elétrico e baterias, entre outros que a usina, por meio do Parque Tecnológico Itaipu (PTI) vem se envolvendo nos últimos anos.
*O repórter viajou a convite de Itaipu Binacional