A cerimônia da inauguração da hidrelétrica de Jirau (RO – 3.750 MW) nesta sexta-feira, 16 de dezembro, comemorou não só a plenitude da operação da usina e a conclusão das suas obras, mas também foi de certa forma o local ideal para que agentes do setor reforçassem a importância da fonte hídrica para o país e a necessidade de um novo ciclo de investimentos que a contemple. O presidente da Energia Sustentável do Brasil, Victor Paranhos, ao enumerar os benefícios nas áreas econômica, ambiental e social, fez um pedido ao ministro Fernando Coelho Filho para o país prosseguir com esse tipo de empreendimentos. "Não podemos abrir mão desse tipo de fonte", frisou.
Na inauguração de Jirau, Wilson Ferreira Junior, presidente da Eletrobras, lembrou que hidrelétricas são polos de geração de empregos, trazendo efeitos econômicos positivos tão longevos quanto os próprios empreendimentos. A inauguração também marcou a assinatura de um memorando entre a ESBR e a Eletrobras que vai colaborar com os estudos para uma hidrelétrica binacional entre Brasil e Bolívia.
Com a conclusão das usinas do rio Madeira e da UHE Belo Monte, não haverá mais projetos estruturantes em construção. O arquivamento do licenciamento da usina de Tapajós pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis deu a entender que os grandes projetos na região amazônica estariam encerrados, mas recentes movimentações no sentido de rediscutir a usina trouxeram esperança ao setor. Maurício Bahr, presidente da Engie no Brasil, acredita que revisitar o tema é necessário. "A sociedade tem que participar dessa decisão. Nós precisamos de energia limpa e continuar explorando esse potencial hidrelétrico", avisa.
O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, que participou da inauguração da usina de Jirau, não pensa em Tapajós agora. Ele respeita a decisão do Ibama e espera uma decisão do órgão sobre um recurso que será apresentado pelo Grupo de Estudos de Tapajós. Somente após essa etapa, ele pensa em uma eventual continuidade do projeto. "É uma intervenção importante para o setor elétrico brasileiro, mas não nos interessa fazer sem respeitar todas as regras ambientais. Dentro do prazo oportuno, a gente pode pensar em tocar o projeto", afirmou.
*O repórter viajou a convite da ESBR