Os fundamentos de crédito para o setor de energia na América Latina são estáveis a curto e médio prazos, com ações de rating nos próximos 12 a 24 meses derivadas principalmente de fatores de crédito específicos das companhias ou países, em vez de tendências regionais, apontou a agência de classificação de risco Fitch Ratings em relatório divulgado nesta quarta-feira, 28 de dezembro. A perspectiva para o setor e para os ratings é estável para 2017.
A Fitch espera que 2017 seja caracterizado pela manutenção de mudanças regulatórias na Argentina e no México. Na nova administração argentina, as distribuidoras de energia tiveram permissão para reajustar as tarifas que estavam congeladas há mais de 15 anos. Alterações adicionais são esperadas na Argentina, de modo a incentivar as companhias a realizar os investimentos necessários no setor, diz Cinthya Ortega, diretora.
No México, a separação das unidades da Comision Federal de Electricidad (CFE), por si só, não fará do mercado atacadista um mercado competitivo, nem atrairá investimentos suficientes. A Fitch acredita que os reguladores mexicanos irão aprofundar a implementação de regulamentações que garantam uma concorrência justa entre os agentes privados, impondo regras transparentes, implementando incentivos eficazes e permitindo que os participantes tenham acesso ao suprimento de combustível.
Para o setor elétrico brasileiro, a agência já havia informado no início de dezembro que a perspectiva para 2017 também era estável, apesar do consumo de energia continuar impactado pelo ambiente econômico.Na avaliação da Fitch, o fenômeno El Niño apontou para a necessidade de a América Latina reduzir sua dependência em relação à geração hidrelétrica. Em 2017, é esperado o fenômeno La Niña, mais suave, o que resultará em melhores níveis hidrológicos.
A Fitch acredita que os governos latino-americanos concentração seus esforços em ter matrizes de geração mais diversificadas e exequíveis e que a geração de energia a partir de gás natural continuará crescendo em 2017. O lento crescimento econômico na região continuará afetando a demanda por energia no ano que vem, apesar da leve recuperação dos preços das commodities, dada a forte correlação entre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e a demanda por energia na América Latina.
A valorização do dólar frente à maioria das moedas da América Latina pode aumentar os custos de eletricidade para os usuários finais em países com mercados de energia altamente dolarizados. "O aumento dos custos de eletricidade em moedas locais irá testar a independência dos agentes reguladores e demonstrar o quão isoladas estão em relação à intervenção política, que pode impedir aumentos de custos aos consumidores finais."