Destinado ao pagamento da geração térmica, o Encargo de Serviço do Sistema (ESS) custou aos consumidores de energia elétrica R$ 3,8 bilhões ao longo de 2016, informou a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) nesta terça-feira, 3 de janeiro. A Agência CanalEnergia apurou que, apesar da cifra bilionária, houve uma redução de 47,36% em comparação com o valor arrecadado em 2015, de R$ 5,6 bilhões.
O valor arrecadado com o ESS é pago apenas aos geradores térmicos que atendem a solicitação de despacho do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para realizar geração fora da ordem de mérito de menor custo. Essa geração “excepcional” tem o objetivo de dar confiabilidade e estabilidade ao atendimento à demanda por energia elétrica do Sistema Interligado Nacional. Como em 2015 a hidrologia foi ruim, houve uma necessidade de acionar mais térmicas. Em 2016, houve uma melhora nas chuvas, embora ainda abaixo dos valores históricos.
Segundo a CCEE, o fator de ajuste do Mecanismos de Realocação de Energia (MRE) médio anual deve ficar em 87,4% para 2016. Para 2017, diante de um cenário com menor crescimento no consumo de energia e com a perspectiva de afluências abaixo da média histórica, a expectativa é que o fator de ajuste do MRE médio anual deva ser ainda menor, por volta de 83%. Em 2015, esse fator ficou em 84,5%. O MRE funciona como um condomínio onde os geradores hidrelétricos compartilham os bônus e os ônus de uma hidrologia boa ou ruim.
PLD – A CCEE apresentou na última segunda-feira, 2 de janeiro, análise do comportamento do Preço de Liquidação das Diferenças. A expectativa de um período úmido sem grandes volumes de afluências, principalmente na região Sudeste/Centro-Oeste, deve influenciar diretamente no aumento do preço nos primeiros cinco meses de 2017. O cenário de elevação, contudo, deve mudar na segunda parte do ano, mantendo o PLD médio em R$ 190/MWh.
“As afluências no Sudeste/Centro-Oeste de dezembro já apresentaram queda nos índices quando comparamos com a média histórica e devem permanecer abaixo da MLT nos próximos meses. Por se tratar da principal região de suprimento energético do país, indica que o período úmido de 2017 não será muito favorável na região, impactando no aumento do PLD nos primeiros meses do ano”, disse o gerente de preço da CCEE, Rodrigo Sacchi.
O preço da primeira semana de janeiro (R$ 148,04/MWh) sofreu impacto da queda nas afluências em dezembro, ficando acima da média do PLD, já republicado, de dezembro (R$ 122,42MWh), indicando o comportamento de elevação do preço até maio, segundo as projeções da CCEE. “Apesar da redução significativa da carga para os próximos cinco anos, o cenário hidrológico desfavorável deve implicar em preços relativamente altos”, explicou Sacchi.
Reservatórios – Já os níveis dos reservatórios no Sudeste (33,7%) ficaram praticamente estáveis em dezembro com retração de apenas 0,1% na energia armazenada. Houve redução mais expressiva no Sul (-13,1%), mas os níveis ainda permanecem altos, alcançando 60,3%. O Nordeste apresentou recuperação no período, quando os níveis se elevaram em 6,7% com armazenamento de 16,5% em dezembro. Os reservatórios do Norte, por sua vez, estão com 18,9% (-3,7%), mas a região tem um ciclo de chuvas mais atrasado em relação às demais, o que ainda possibilita uma recuperação nos níveis de seus reservatórios nos próximos meses.
A carga de energia para todo o Sistema ficou 1,46% acima da projeção feita no PMO de dezembro, influenciada pela elevação das temperaturas no último mês do ano.