A publicação da portaria com a prorrogação das garantias físicas das hidrelétricas até o fim do ano e a promessa do Ministério de Minas e Energia de revisar os valores até abril foi bem aceita pelo setor. De acordo com Gustavo Ayala, diretor de comercialização da Bolt Energias, a partir de 2018, a redução do lastro e da sobrecontratação trazida pela revisão poderá fazer também com que se antecipe a necessidade de contratação de energia nova. "Ao invés de leilões de reserva, vai ter leilão de energia nova, formando lastro para o sistema. A reserva não forma lastro para o sistema", afirma.

Segundo Ayala, a portaria com a revisão vai deixar o planejamento do setor mais alinhado com a operação. "É um panorama que a gente acredita que vai ser bom para o mercado", avisa. Para ele, com a expectativa da saída de 1.400 MW med de cena, do ponto de vista do planejamento não haveria necessidade de contratação, mas do ponto de vista operativo, ela se mostraria necessária. “Essa adequação ao planejamento é bem vista para que haja um estímulo de contratação a partir de 2019", aponta.

O executivo também lembra que os novos valores da portaria podem trazer mudanças para as empresas geradoras que aderiram ao seguro do GSF. Com a redução da garantia física, também fica menor o direito ao seguro do GSF. "Talvez esse seja um ponto que tenha que ter algum ajuste dessas empresas que aderiram", observa. Segundo o MME, o processo deve resultar na  redução do equivalente a 3,2% da garantia sujeita à revisão. Passarão por reavaliação 122 usinas. Usinas mais novas, como Jirau e Santo Antônio, ficarão de fora. A revisão vinha sendo discutida com os agentes desde 2014 na Empresa de Pesquisa Energética, ainda na gestão de Maurício Tolmasquim e teve o processo continuado pelo atual presidente, Luiz Augusto Barroso.

A queixa das distribuidoras, que queriam a portaria valendo já em 2017, é compreensível para Ayala. Na opinião do diretor da Bolt, uma revisão nos valores já esse ano, embora não fosse solucionar a sobrecontratação, atenuaria o problema de imediato, como o próprio presidente da Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica disse em entrevista para a Agência CanalEnergia na ocasião da publicação da portaria.