O resultado da pesquisa Greenpeace/ Datafolha sobre geração solar distribuída surpreendeu positivamente os agentes do setor. De acordo com Rodrigo Sauaia, presidente-executivo da Associação Brasileira de Energia Solar e Fotovoltaica, os 72% de entrevistados que afirmaram estar dispostos a comprar um sistema desde que houvesse uma linha de financiamento com juros baixos, sinaliza um grande mercado, superior ao dos países mais populosos da América Latina. "Um mercado potencial desse tamanho é uma ótima notícia", afirma.

Outro dado da pesquisa salientado por Sauaia foi o de 80% ter afirmado possuir conhecimento no assunto. Para ele, isso é um fato positivo, mas no segundo momento mostra a necessidade de elaboração de uma estratégia de comunicação, já que o índice dos que estão bem informados ainda é baixo. O menor índice por região é o do Nordeste, justamente a localidade com alto índice de insolação e a única com linha de financiamento disponível, o FNE Sol, o que confirma a necessidade de mais divulgação.

Para Carlos Evangelista, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída, a redução na conta de energia ter superado a motivação ambiental não o surpreendeu porque é o que ele sempre detectou no mercado. “O principal motivo é baixar a fatura de energia”. Ele acredita que o percentual de entrevistados que estão bem informados sobre o assunto, segundo a pesquisa, de 19%, tem mais veracidade que os 80% que afirmaram ter conhecimento. "Se aprofundar com uma outra pergunta, é comum ver que é completamente diferente do que ela imaginava", frisa.

Tendo encomendado a pesquisa, o Greenpeace comemorou os resultados. Barbara Rubin, da campanha de Energias Renováveis da organização, lembrou que em 2013, um ano após a publicação da resolução 482/2012 da Agência Nacional de Energia Elétrica, foi feita uma pesquisa similar e os resultados foram bem diferentes. Segundo ela, naquela ocasião o nível de conhecimento em micro geração era de apenas 30%, o que evidencia a melhora. "É um crescimento considerável, se pensarmos que ainda não há nenhuma ação estruturada do governo para divulgar a GD", avalia.

Para ela, há um crescimento grande na microgeração para acontecer no país e alterações feitas na regulação do tema, com a possibilidade de formação de cooperativas, serão instrumentos utilizados nesse sentido. Tanto o presidente da Absolar quanto Barbara Rubin acreditam que a pesquisa pode beneficiar os projetos de lei para financiamento de sistemas que estão em discussão no Congresso Nacional

A ativista também espera que o alto percentual de interessados em financiar um sistema solar faça com que os bancos apostem nesse filão e ofereçam linhas de financiamento. Ela também lembrou que os 50% que aceitariam usar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço podem dar o boom necessário para o deslanche da GD no país e auxiliaria na obtenção das metas estipuladas pelo governo.

Gerar a própria energia e ficar independente das distribuidoras foi a segunda maior motivação para obter um sistema de GD. Na opinião da integrante da campanha de Energias Renováveis do Greenpeace, há um movimento de enfraquecimento das grandes instituições e de fortalecimento dos pequenos negócios. "As distribuidoras, por pior ou melhor que possam ser, representam os grandes grupos", observa. Para Carlos Evangelista, da ABGD, essa motivação também é reflexo de uma insatisfação dos consumidores com o trabalho das concessionárias e alerta que mesmo com a microgeração, o consumidor ainda permanece conectado à distribuidora, dependente da rede e sujeito a interrupções no fornecimento.