Um levantamento da Light aponta que áreas com alto índice de furto de energia apresentam maior número de interrupções no fornecimento. As ligações clandestinas sobrecarregam a rede de distribuição e provocam esses desligamentos. De acordo com a concessionária, entre os dias 27 de dezembro e 5 de janeiro foram atendidos 40,5 mil chamados em razão de interrupções. O maior número de ocorrências foi registrado justamente nas regiões onde se furta mais energia e as localidades mais afetadas são as Zonas Norte e Oeste do Rio de Janeiro e a Baixada Fluminense.
A pior situação é registrada na Baixada Fluminense, com 11,9 mil atendimentos, cerca de 30% do total registrado nesse período. Nessa região o índice de furto ultrapassa os 40%. Nas comunidades do Lixão e do Parque das Missões, ambas com 84% de energia furtada em média, foram 50 atendimentos feitos, número de vezes em que houve segurança para as equipes da concessionária.
Na Zona Norte, cita a Light, onde as ligações clandestinas correspondem a 30% do que é distribuído para a região, foram feitos 8,3 mil atendimentos por causa de interrupções no fornecimento. Somente no Complexo da Maré foram 300 atendimentos, nos momentos em que houve segurança para a atuação das equipes da empresa. Nesta região o furto de energia chega a 87%.
Por sua vez, na Zona Oeste, que apresenta os mesmos 30% de índice de desvios, o número de ocorrências atendidas pela Light foi maior, chegando a 11,3 mil ou 27% do total de serviços. Somente na Rocinha, onde o furto de energia é de 85,61%, a Light reportou o atendimento de 600 chamados. Na comunidade Dois Irmãos, em Curicica, que realizou protestos por falta de energia nos primeiros dias de janeiro, a Light realizou aproximadamente 180 atendimentos no período, em um local onde 78% da energia é furtada.
Muitas vezes, explicou a companhia, o fornecimento de energia é interrompido por causa da sobrecarga dos equipamentos. Preparados para atender o número de clientes oficiais, os transformadores acabam não suportando a demanda gerada pelos furtos, que na área de concessão da Light, correspondem a cerca de 40% sobre a carga distribuída para a rede de baixa tensão. Historicamente esse volume equivale ao consumo do Espírito Santo durante um ano.
A distribuidora fluminense argumenta que vem combatendo essa prática de furtos. Uma das iniciativas é por meio de uma parceria com a Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) e com as delegacias locais. Nesse sentido, já foram realizadas 96 operações especiais entre janeiro e novembro do ano passado com 54 mil inspeções e 29 mil irregularidades normalizadas. Ou seja, a cada 100 clientes, 54 furtavam energia. Além disso, o balanço mostra que foram registrados 371 boletins de ocorrência e 43 prisões em flagrante.
A Light relembra que as contas de energia poderiam ser 17% mais baratas se não fosse o furto de energia no Rio. O furto de energia é tipificado como crime e está previsto no artigo 155 do Código Penal, com pena que pode chegar a 8 anos de reclusão. Outro dado apresentado no levantamento é que o conflito armado constitui-se de outro fator causador de interrupções. Nestas situações, serviços como o restabelecimento da energia só podem ser executados após os confrontos, pois os profissionais da Light, ou à serviço da empresa, só atuam em condições de segurança.
A Light registrou, em todo o ano de 2016, 268 interrupções devido a esses confrontos em toda a sua área de concessão, que afetou 78.734 clientes. Os projéteis danificaram equipamentos da rede elétrica, como transformadores e cabos, o que torna o trabalho dos técnicos de campo muito mais complexo. Somente em 2016, a Light trocou 138 transformadores atingidos por projéteis. O maior volume dessas ocorrências foram verificadas na Zona Norte com 157 interrupções, ou 58,5% do total. Em seguida vem a Zona Sul com 72 interrupções (26,8%), a Zona Oeste com 21 interrupções (7,8%), Baixada Fluminense, onde foram 11 interrupções (4,1%) e Vale do Paraíba, com 7 ocorrências (2,6%).