A Associação Brasileira de Energia Eólica acredita que o leilão de descontratação de energia, cuja ideia foi apresentada durante reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) na última quarta-feira, 11 de janeiro, é importante para o planejamento do setor elétrico. Apesar de ser a fonte que mais contratou energia nesse certame ao longo dos anos com 5,8 GW, acredita que dificilmente investidores deste segmento deverão aderir à medida. A maior parte, ou 3,9 GW, já está em operação e dentre os demais 1,9 GW, a maior parte apresenta alta viabilidade tanto operacional quanto financeira.
Segundo avaliação da presidente executiva da ABEEólica, Élbia Gannoum, o leilão inverso vai ajudar porque justamente vai promover uma limpeza no deck de projetos permitindo ver com maior clareza qual é a parcela da demanda que está realmente atendida. Além disso, relembrou, um estudo da própria entidade apontou que a sobra de energia efetiva que o Brasil tem é menor do que o que e chamado de elétrons de papel. Com o leilão inverso poderá se ter maior clareza desse volume.
“O setor eólico ficou bastante decepcionado com o cancelamento do último leilão de reserva de 2016. Essa ideia que foi apresentada de realizar a descontratação é muito positiva porque ajudará na defesa da cadeia produtiva com a liberação de demanda e ainda permite a redução da sobrecontratação das distribuidoras”, comentou em entrevista à Agência CanalEnergia. Com isso, continuou a executiva, o governo conseguirá, por exemplo, mais espaço para realizar o leilão de reserva que foi o ponto central do encontro do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho, com governadores do Nordeste na semana passada.
Esse otimismo referente à retomada da contratação da fonte tem como base a competitividade da fonte, que só perde em preço para as grandes hidrelétricas. “A eólica vem salvando frequentemente o sistema Nordeste chegando a atender 50% da carga daquela região, proporcionada em grande parte pelos projetos negociados nos leilões de reserva, cuja meta é a de atribuir segurança para o sistema”, acrescentou.
Élbia reforçou que a maioria dos projetos em construção está com seus prazos em dia, mas admite que há alguns que eventualmente poderão aderir ao plano do MME. Apesar disso, afirmou que mesmo assim não é garantido que entrarão nesse leilão de devolução porque são projetos “muito viáveis”.