A Green Yellow, empresa de eficiência energética e geração distribuída do grupo francês Casino inaugurou recentemente seu primeiro projeto de GD no país. A Clean Energy Latin America (Cela) foi a consultoria responsável pode desenvolvimento do modelo de negócios para essa modalidade de projetos. E esse é apenas um exemplo de como este segmento começou a atrair empresas, além dessa, a Cela já atua com outras companhias nesse mesmo sentido, inclusive com concessionárias de distribuição que estão procurando se antecipar a essa tendência de crescimento no mercado nacional.
De acordo com Camila Ramos, diretora da Cela, a resolução Aneel no. 687, que é o aprimoramento da 482/2012 proporcionou esse verdadeiro boom em termos de demanda por sistemas de micro e minigeração distribuída. Em sua avaliação, o aprimoramento das regras permitiu que as empresas olhassem esse negócio como uma potencial fonte de receita. O cliente tem como objeto final ver a conta de luz mais baixa do que pagava quando somente conectada à rede de distribuição e para isso, contou ela, há uma grande equação que precisa ser avaliada para se chegar a um resultado que normalmente, leva o retorno do investimento a um período que pode levar de quatro a nove anos.
“Se considerarmos que um sistema dura 25 anos, vemos que o benefício ao consumidor pode ser duradouro”, comentou. “Mas, é preciso lembrar que há diversas variáveis que precisam ser avaliadas em um projeto, nem todos os pequenos sistemas são inviáveis e nem todos os grandes são viáveis. O que podemos dizer é que o foco dos sistemas de geração distribuída está no consumidor de baixa tensão, onde a tarifa é mais elevada”, acrescentou.
Dentre essas variáveis citadas estão, naturalmente, a tarifa de energia na localidade, os fatores de irradiação no local, as características do projeto, demanda desse consumidor, e outros aspectos como se o estado aderiu ao convênio Confaz que reduz o ICMS ou não. E aqui, cabe uma ressalva, a de que esse convênio só vale para as regras que estão sob a 482/2012 e não para a 687 que é mais recente. “A questão do ICMS que faz parte desse convênio só vale para a 482, não foi atualizado ainda mas a indústria solar está em busca dessa ampliação do acordo”, comentou Camila à Agência CanalEnergia.
O trabalho da Cela, contou a executiva, passa pela assessoria financeira no desenvolvimento de um modelo de negócios para o cliente, que no caso foi a Green Yellow, onde fazem a avaliação econômica para verificar qual é a viabilidade do projeto, inclusive, com a oferta financiada, ou seja, pela facilidade em obtenção de credito para empresas maiores a GD é pode chegar ao cliente final já com as linhas de financiamento, dispensando o consumidor de ter que buscar esses recursos. Isso porque as empresas solares já possuem know-how e escala para captar recursos junto ao mercado financeiro para financiamento desses projetos. No caso do Assaí e da Green Yellow, o atacadista para um aluguel pelo sistema instalado e fica com o beneficio da redução da conta de energia naquela loja.
“O que a gente ainda tem em termos de gargalos é o financiamento, temos ajudado empresas a desenvolver essa solução financiada no mercado porque para o cliente final não existem tantas linhas disponíveis”, comentou a executiva da Cela. “Aliás foi esse modelo que ajudou a viabilizar projetos nos Estados Unidos e da Solar City”, lembrou.
E a tendência é de que esse modelo possa ser replicado em diversas situações, ainda mais porque os custos da solar fotovoltaica tendem a apresentar redução de custos. Historicamente, lembrou Camila, desde 2009 os preços dos módulos fotovoltaicos já recuaram cerca de 80%. Cada vez que a capacidade instalada desses equipamentos dobra no mundo seu custo cai em cerca de 20% devido à escala e melhorias de performance e tecnologia mais eficiente. Esse também, um aspecto que tende a se aprimorar mais expressivamente quando comparado a outras tecnologias que estão mais maduras em todo o mundo. E, segundo estimativas da Associação Internacional de Energias Renováveis (Irena) até 2025 deverá recuar ao patamar médio de US$ 0,05/kWh. Já a Bloomberg aponta queda de 60% até 2040.