Com o fechamento da transação de aquisição do bloco de controle da CPFL Energia, o chineses se preparam para a publicação da OPA pelas ações remanescentes da companhia. Agora o passo seguinte é saber se essa oferta será um simples tag along que permitirá a continuação da companhia listada na Bovespa e na Nyse (bolsa de valores de Nova Iorque) ou se a oferta objetivará o fechamento do capital, isso será conhecido em cerca de 30 dias, conforma a legislação prevê.
Independente de qual caminho seguir, a empresa centenária já sabe que terá maior poder de fogo em termos de consolidação do setor elétrico nacional. E no foco continua a geração e distribuição. Pelo menos é o que se tem até o momento, com a separação das estruturas da State Grid Brazil Holdings, cuja sede fica no Rio de Janeiro, e está focada em transmissão de energia desde que começou a atuar no Brasil, e a CPFL em São Paulo. Até o encerramento da OPA as posições deverão permanecer da forma que estão, pois não são conflitantes entre as duas empresas. Mas por enquanto, a posição oficial é de que nada muda na empresa.
“Temos boas oportunidades de crescimento e consolidação nos diversos segmentos. Por ora não vamos ter nenhum privilégio para um ou outro segmento. Vamos seguir explorando as oportunidades”, comentou o presidente executivo da CPFL Energia, André Dorf. “Vale dizer que devemos seguir a disciplina e o rigor da análise e isso faz parte de nossa rota de crescimento, com disciplina no uso de capital. Agora, [com o novo acionista controlador] a gente reforça a nossas possibilidades de crescimento”, acrescentou ele.
Segundo Dorf, além de pensar no crescimento por meio de fusões e aquisições, bem como por meio de novos projetos, um outro ponto que vale ressaltar para a CPFL é o desenvolvimento da companhia por meio do intercâmbio de tecnologia. Esse fator já havia sido destacado por ele na entrevista concedida à Agência CanalEnergia em setembro de 2016, quando o executivo viajou para a China onde teve encontros com os chineses logo após a assinatura de contrato entre a State Grid e a Camargo Corrêa, a primeira a anunciar a venda de sua parcela na empresa. O executivo relembrou da escala que a chinesa possui com mais de 1 bilhão de clientes e que essa escala e conhecimento tecnológico que possuem em todos os mercados onde atuam trará benefícios para a companhia, pois eles estão bem à frente do Brasil.
Até o momento, contudo, a empresa ainda indica que o Plano de Investimentos atual que é de R$ 9,6 bilhões entre 2016 e 2020 ainda está em vigor. Mas, disse Dorf, com a mudança de controle oficializada a empresa entrará em um novo ciclo com o objetivo de avaliar mais as oportunidades que o mercado coloca para o seu crescimento e modificar este planejamento. Mas, afirmou, essa alteração ainda não foi realizada e que, por enquanto, a companhia segue com o plano atual.
Quanto a planos de uma possível revisão desse plano, Dorf foi questionado sobre as novas perspectivas de investimentos, como a consolidação do setor de distribuição com empresas desse segmento sendo oficialmente colocadas à venda e outras cujos nomes são envolvidos em especulações de mercado. E ainda, no segmento de geração com as usinas que serão leiloadas pelo governo no âmbito do PPI e cuja outorga estimada é de cerca de R$ 10 bilhões para esse ano.
Ele não indicou nominalmente nenhuma empresa. Disse que entre os critérios de interesse da CPFL Energia envolvem sinergias com as atuais operações no caso da distribuição e o controle operacional em geração. Além disso, comentou que um aumento de capital na companhia ainda não seria necessário por ter espaço para mais endividamento em seu balanço. Contudo, não descartou nem afirmou que a empresa avançará sobre esses ativos.
“Olhamos todas as oportunidades”, reforçou Dorf. “Em distribuição é melhor quanto mais sinérgico com as operações que já temos. Depende de preço, mas em condições normais, faz mais sentido operações mais próximas”, comentou o executivo sobre a atratividade das distribuidoras da Eletrobras, localizadas no Norte e Nordeste do país e, portanto, afastadas da área de atuação da CPFL Energia.
A perspectiva com a State Grid, comentou ele, traz outro benefício que poderá ser usado no futuro que é o acesso a uma estrutura de captação mais robusta que a companhia poderá ter à disposição. A expectativa é de que as linhas de crédito reflitam essa nova condição da CPFL, mas esse cenário só deverá ser conhecido e confirmado quando a companhia for a mercado.