A recessão econômica vivida pelo país em 2016 refletiu-se claramente no consumo de energia, de acordo com o Índice Comerc Energia. Quando a série consolidada de janeiro a dezembro de 2016 é colocada ante a mesma série do ano anterior, 2016 apresenta um recuo de 1,85%. O resultado é relativamente melhor do que o apurado em 2015, quando a queda no consumo havia sido de 3,66% em relação a 2014. O Índice Comerc Energia leva em conta o consumo das cerca de 1.300 unidades na carteira da comercializadora, pertencentes a mais de 700 grupos industriais e comerciais que compram a energia elétrica no mercado livre.

De acordo com Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc Energia, nesse contexto de retração da demanda, é natural que haja no país redução de consumo principalmente na indústria. Ainda assim, em 2016, algumas categorias conseguiram apresentar um modesto crescimento em seu consumo, entre elas Papel e Celulose, com alta de 2,33%; Química, com aumento de 1,47% e Siderurgia e Metalurgia, que cresceu 0,19%.
 
Quando o Índice Comerc Energia retrata especificamente a variação mensal, observa-se em dezembro de 2016 um recuo de 4,94% frente a novembro. A retração é, principalmente, sazonal, em função das férias coletivas de final de ano, comuns a vários setores da economia. A redução no consumo em dezembro foi sentida em dez das doze categorias monitoradas pelo Índice. Chama a atenção as quedas registradas em Veículos e Autopeças, de 21,99% e Têxtil, Couro e Vestuário, de 20,60%. O setor químico vem logo atrás, com 18,66% no mês, na comparação com novembro.
 
Uma categoria que apresentou um comportamento totalmente diverso do restante foi a de Comércio e Varejo, que aumentou o seu consumo de energia em 7,92%, quando comparado a novembro. Segundo Vlavianos, isso não quer dizer que o comércio esteja mais aquecido. O crescimento, em geral, diz respeito ao aumento do uso de ar-condicionado em shoppings e lojas nessa época do ano, quando as temperaturas sobem e há grande fluxo de pessoas em função das compras de Natal.

Ao se observar o comportamento do consumo de energia em dezembro de 2016 versus o mesmo período de 2015, nota-se aumento de 2,32%. A alta parece ser parte de uma tendência verificada desde setembro de 2015, quando as reduções passaram a ser cada vez menos expressivas em relação aos mesmos meses do ano anterior. Para o presidente da Comerc, se a curva se confirmar, haverá uma recuperação lenta, porém constante em 2017. Nessa série, o segmento de Veículos e Autopeças é, de longe, a categoria que mais se destaca, com um aumento no consumo da ordem de 32,84% em comparação com dezembro de 2015. O dado condiz com a evolução da produção total de veículos, divulgada pela Associação Nacional dos Fabricantes Veículos Automotores. Segundo a entidade, ao longo do ano, o setor evoluiu de uma produção de 148 mil unidades em janeiro, para mais de 200 mil unidades em dezembro.