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A tecnologia, inédita no Brasil, está sendo desenvolvida e testada pela CPFL Energia, em parceria com a Matos Ferreira Engenharia e Consultoria. Até o momento, R$ 4,4 milhões foram investidos no projeto, custeado com recursos do programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
De acordo com Rafael Lazzaretti, diretor de Estratégia e Inovação da CPFL Energia, os primeiros testes em larga escala contarão com a instalação de um lote de 600 postes no interior de São Paulo e litoral paulista. Até o final deste ano, a aplicação da tecnologia será testada com a colocação de 540 unidades na cidade de Ibiúna e 60 postes em Santos, ambos os municípios atendidos pela concessionária CPFL Piratininga.
O executivo explica que a tecnologia desenvolvida pela CPFL se diferencia dos modelos tradicionais por utilizar compostos químicos que transformam o concreto mais condutivo na base dos postes, que fica em contato com a terra. Aproveitando-se da própria ferragem que compõe a armadura do concreto, o poste autoaterrado conduz a descarga elétrica em direção ao solo, onde ela acaba se dissipando sem oferecer qualquer tipo de risco à vida da população.
Uma das principais vantagens da nova tecnologia é a simplificação no processo de aterramento dos postes em relação aos modelos tradicionais. No padrão adotado atualmente pelas distribuidoras brasileiras, o aterramento dos postes é feito por meio de hastes de cobre e hastes cantoneira em aço zincado a fogo, cabos e canaletas e conexões, além da abertura de valas no solo. Além do risco de erro de instalação, o sistema de aterramento convencional é muito susceptível aos efeitos da corrosão e vandalismos.
“Com o passar do tempo, os sistemas de aterramento convencionais perdem sua eficácia, ou até mesmo a sua completa funcionalidade, devido aos efeitos da corrosão de cabos e conexões. O poste autoaterrado, por dispensar estes elementos, aumenta a confiabilidade dos sistemas de proteção, trazendo mais segurança à rede e aos consumidores”, esclarece Lazzaretti. Testes conduzidos pela área de inovação e engenharia da CPFL mostram que o novo poste reduziu a resistência de aterramento das instalações, parâmetro que mede o quanto o sistema oferece oposição à passagem da corrente elétrica, em torno de 81,8%, o que traz mais proteção à rede.
O sistema de aterramento é instalado nos postes que suportam os transformadores. Com a comprovação da viabilidade da tecnologia, a expectativa é que o poste passe a ser utilizado pelas concessionárias para proteger os transformadores dos raios. Outros equipamentos da rede elétrica que também seriam beneficiados com o novo sistema são: religadores; reguladores de tensão; bancos capacitores; seccionalizadores; jogos de chaves e para raios.
Um dos benefícios esperados do poste autoaterrado é a redução do número de transformadores queimados por conta das descargas elétricas. Outra vantagem é a maior segurança proporcionada às instalações residenciais, contribuindo para reduzir a queima de eletrodomésticos. “Isso se traduz em um serviço de melhor qualidade para os nossos consumidores, o que irá se refletir nos indicadores de continuidade do fornecimento”, diz o diretor de Engenharia da CPFL Energia, Caius Vinicius Sampaio Malagoli.
Além dos benefícios operacionais, a nova tecnologia também irá proporcionar redução de custos às distribuidoras. Apenas a eliminação do processo tradicional de montagem do sistema de aterramento traz economia que varia, na média, de 28% a 48% com a utilização do novo padrão, dependendo do tipo de estrutura do poste e o solo. A diminuição do número de transformadores queimados também reduz os gastos com reforma dos equipamentos. Segundo a CPFL, em média, a manutenção de um transformador custa em torno de R$ 2 mil por unidade danificada, o que é relevante considerando-se uma taxa média anual de queima de 6.500 unidades – em sua grande maioria, são ocasionadas por raios.
Fabricação industrial – Rafael informa que CPFL Energia já iniciou discussões com fornecedores de postes para a transferência da nova tecnologia. A companhia tem mantido negociações com empresas de São Paulo, Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, visando também a produção do poste autoaterrado para atendimento futuro das demandas das distribuidoras RGE e RGE Sul. Com a transferência de tecnologia, o poste autoaterrado poderá ser comercializado pelos fabricantes para qualquer concessionária do país.
O projeto de P&D do poste autoaterrado da CPFL Energia teve início em dezembro de 2012, e foi dividido em duas fases. Na primeira, a companhia conduziu um teste piloto com a instalação de 200 postes nas cidades de Campinas, São Carlos, Bofete, Valinhos e Pradópolis, iniciativa concluída ao final de 2014. A segunda etapa começou em 2015 e se estende até novembro de 2017, onde o objetivo principal é transferir o know-how da tecnologia aos fornecedores e promover a inserção do produto no mercado.