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Uma nova tecnologia de poste de concreto para utilização em redes de distribuição de energia elétrica tem potencial para reduzir os custos operacionais das distribuidoras com sistema de aterramento em até 48%, dependendo do tipo de estrutura do poste e o solo. Batizado de “poste autoaterrado”, o equipamento promete ainda trazer maior proteção ao sistema elétrico contra a incidência de raios, melhorando a qualidade do fornecimento de energia.

A tecnologia, inédita no Brasil, está sendo desenvolvida e testada pela CPFL Energia, em parceria com a Matos Ferreira Engenharia e Consultoria. Até o momento, R$ 4,4 milhões foram investidos no projeto, custeado com recursos do programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

De acordo com Rafael Lazzaretti, diretor de Estratégia e Inovação da CPFL Energia, os primeiros testes em larga escala contarão com a instalação de um lote de 600 postes no interior de São Paulo e litoral paulista. Até o final deste ano, a aplicação da tecnologia será testada com a colocação de 540 unidades na cidade de Ibiúna e 60 postes em Santos, ambos os municípios atendidos pela concessionária CPFL Piratininga.

O executivo explica que a tecnologia desenvolvida pela CPFL se diferencia dos modelos tradicionais por utilizar compostos químicos que transformam o concreto mais condutivo na base dos postes, que fica em contato com a terra. Aproveitando-se da própria ferragem que compõe a armadura do concreto, o poste autoaterrado conduz a descarga elétrica em direção ao solo, onde ela acaba se dissipando sem oferecer qualquer tipo de risco à vida da população.

Uma das principais vantagens da nova tecnologia é a simplificação no processo de aterramento dos postes em relação aos modelos tradicionais. No padrão adotado atualmente pelas distribuidoras brasileiras, o aterramento dos postes é feito por meio de hastes de cobre e hastes cantoneira em aço zincado a fogo, cabos e canaletas e conexões, além da abertura de valas no solo. Além do risco de erro de instalação, o sistema de aterramento convencional é muito susceptível aos efeitos da corrosão e vandalismos.

“Com o passar do tempo, os sistemas de aterramento convencionais perdem sua eficácia, ou até mesmo a sua completa funcionalidade, devido aos efeitos da corrosão de cabos e conexões. O poste autoaterrado, por dispensar estes elementos, aumenta a confiabilidade dos sistemas de proteção, trazendo mais segurança à rede e aos consumidores”, esclarece Lazzaretti.
Testes conduzidos pela área de inovação e engenharia da CPFL mostram que o novo poste reduziu a resistência de aterramento das instalações, parâmetro que mede o quanto o sistema oferece oposição à passagem da corrente elétrica, em torno de 81,8%, o que traz mais proteção à rede.

O sistema de aterramento é instalado nos postes que suportam os transformadores. Com a comprovação da viabilidade da tecnologia, a expectativa é que o poste passe a ser utilizado pelas concessionárias para proteger os transformadores dos raios. Outros equipamentos da rede elétrica que também seriam beneficiados com o novo sistema são: religadores; reguladores de tensão; bancos capacitores; seccionalizadores; jogos de chaves e para raios.

Um dos benefícios esperados do poste autoaterrado é a redução do número de transformadores queimados por conta das descargas elétricas. Outra vantagem é a maior segurança proporcionada às instalações residenciais, contribuindo para reduzir a queima de eletrodomésticos. “Isso se traduz em um serviço de melhor qualidade para os nossos consumidores, o que irá se refletir nos indicadores de continuidade do fornecimento”, diz o diretor de Engenharia da CPFL Energia, Caius Vinicius Sampaio Malagoli.

Além dos benefícios operacionais, a nova tecnologia também irá proporcionar redução de custos às distribuidoras. Apenas a eliminação do processo tradicional de montagem do sistema de aterramento traz economia que varia, na média, de 28% a 48% com a utilização do novo padrão, dependendo do tipo de estrutura do poste e o solo. A diminuição do número de transformadores queimados também reduz os gastos com reforma dos equipamentos. Segundo a CPFL, em média, a manutenção de um transformador custa em torno de R$ 2 mil por unidade danificada, o que é relevante considerando-se uma taxa média anual de queima de 6.500 unidades – em sua grande maioria, são ocasionadas por raios.

Fabricação industrial – Rafael informa que CPFL Energia já iniciou discussões com fornecedores de postes para a transferência da nova tecnologia. A companhia tem mantido negociações com empresas de São Paulo, Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, visando também a produção do poste autoaterrado para atendimento futuro das demandas das distribuidoras RGE e RGE Sul. Com a transferência de tecnologia, o poste autoaterrado poderá ser comercializado pelos fabricantes para qualquer concessionária do país.

O projeto de P&D do poste autoaterrado da CPFL Energia teve início em dezembro de 2012, e foi dividido em duas fases. Na primeira, a companhia conduziu um teste piloto com a instalação de 200 postes nas cidades de Campinas, São Carlos, Bofete, Valinhos e Pradópolis, iniciativa concluída ao final de 2014. A segunda etapa começou em 2015 e se estende até novembro de 2017, onde o objetivo principal é transferir o know-how da tecnologia aos fornecedores e promover a inserção do produto no mercado.