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Segundo Fernando Lopes, diretor do Instituto, os certificados de energia renovável surgiram diante da impossibilidade de o consumidor identificar a origem dos elétrons. Em qualquer parte do mundo, a matriz elétrica é composta por um mix de fontes, como termelétricas a carvão e a óleo (mais poluentes), eólicas e solares (com baixo impacto ao meio ambiente). Como nem todos os consumidores têm condições de investir em uma usina para gerar sua própria energia renovável, a saída então é receber a energia da forma tradicional e adquirir o volume de energia equivalente ao consumo por meio de certificados. Cada certificado equivale a 1 MWh de eletricidade produzida a partir de fontes renováveis.
Dessa forma, os consumidores estão investindo na geração da mesma quantidade consumida em energia limpa, ou seja, eles se “apropriam” somente da parte limpa que é colocada no sistema. Com os RECs as empresas e consumidores podem garantir 100% de energia renovável para seu uso sem ter de investir, elas próprias, em geração. “Esse é um sistema que existe no mundo, mas que não existia aqui no Brasil”, disse Lopes.
O programa de certificação brasileiro foi criado pela Totum em 2012. “No início, os empreendimentos de geração utilizavam essa ferramenta do certificado para valorizar sua própria energia, mas a ponta do consumo não estava consciente disso”, comentou o diretor. Em 2014, as RECs brasileiras conseguiram o reconhecimento internacional, concedido pelo Green Building Council, órgão de certificação mundial de edificações verdes.
“Com a implantação do IREC no Brasil, no ano passado, conseguimos atender a demanda de empresas multinacionais que possuem políticas internas que exigiam a compra de certificados reconhecidos mundialmente. Porém, mesmo no País, a procura de empresas por RECs vem aumentando muito”, afirmou Lopes. A oferta de energia renovável também vem sendo ampliada. Até meados do ano passado a oferta estava limitada a três empreendimentos (dois hídricos e um eólico), agora existem mais de 15 empreendimentos capazes de gerar RECs e outros dez em processo de adesão.
Apesar do crescimento significativo desse mercado em 2016, o Brasil ainda está engatinhando nessa questão de RECs. “Nos EUA, por exemplo, distribuidoras locais de energia ofertam RECs aos seus clientes, de forma tal que consumidores residenciais podem escolher o tipo de energia que consomem. Com o tempo, o Brasil poderá chegar a esse patamar de desenvolvimento”, concluiu Lopes. O programa tem a participação da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) e Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).