A CPFL Brasil, comercializadora do grupo CPFL Energia, prevê um ano de crescimento robusto. A perspectiva atual para 2017 é de que a empresa tenha cerca de 2 mi MW médios em energia contratada em sua carteira em dezembro. Se essa previsão se concretizar, representará um crescimento de 35% quando comparado ao volume do encerramento de 2016. A estratégia da empresa baseia-se na busca por clientes interessados na migração para o mercado livre bem como busca por clientes que já estão no ACL, mas na concorrência.
Essa projeção de crescimento está bem acima do que se tem visto no mercado. No acumulado de 2015 e 2016 o consumo 9% acima, mesmo com o reconhecido movimento de queda da demanda industrial. Essa elevação foi suportada justamente pela migração de consumidores elegíveis ao ACL por meio da energia incentivada. E, para este ano, a previsão é de que o mercado brasileiro cresça cerca de 10% em volume de energia. No acumulado do último biênio, a comercializadora reportou um crescimento de 42% em energia e de 16% na carteira de clientes.
Esses números fazem parte da planilha de Daniel Marrocos, engenheiro eletricista que foi efetivado como diretor-presidente da CPFL Brasil. Mas essa posição não é realmente uma novidade na vida profissional dele, já que ocupava essa cadeira interinamente desde maio de 2015, ou seja, participou ativamente desse crescimento da companhia.
E as perspectivas para o desenvolvimento do ACL são positivas, mas esbarram ainda no problema de uma demanda forte ante uma oferta que não consegue expandir no mesmo ritmo. “Em um cenário sem mudança regulatória do mercado livre, ainda vemos um potencial de crescimento da carga somente no produto incentivado que chega a 100% quando comparado ao nível atual, passaria de cerca de 3 mi MW médios para 6 mil MW médios”, comentou ele. “Mas isso não deve acontecer no curto prazo, para dobrar de tamanho é necessário que consigamos uma equalização entre oferta e demanda”, acrescentou.
Marrocos reconhece que essa migração em massa pela qual o país vem passando tem efeito sobre a disponibilidade de energia para atender o ACL. “Temos olhado com atenção a possibilidade de que tenhamos sobras e excedentes para o mercado livre. Ter esses leilões para fonte incentivada vai trazer liquidez para que esse potencial se realize”, estimou o diretor presidente da CPFL Brasil.
Contudo, uma solução estrutural para essa equalização no médio e longo prazos só deverá ser alcançada quando houver uma mudança no modelo de comercialização de energia no Brasil. Ainda mais se considerar que há discussões acerca da abertura do mercado livre e que demandará mais energia no futuro. Ele citou, por exemplo, a proposta da associação que representa o segmento, a Abraceel, com o BNDES para o financiamento de projetos de geração destinados ao ACL. A ideia da entidade contempla a proposta original de colocar um grupo de contratos de três a cinco anos de duração. Aí entraria um pool de comercializadoras no circuito com um PPA de suporte pelo período restante do financiamento a ser concedido pela instituição de fomento federal.
Segundo sua avaliação, esta não é a única medida a ser tomada para viabilizar a oferta. Em sua opinião a separação entre lastro e energia é o caminho que levaria a essa condição de crescimento no longo prazo. “Estruturalmente é a separação entre lastro e energia que fará a diferença na expansão do ACL, esse contrato de financiamento junto ao BNDES e que temos participado via Abraceel é mais um instrumento necessário para o modelo funcionar”, apontou.
Em um cenário interno da empresa a CPFL Brasil está se preparando para o grande volume de clientes que tanto as migrações e a figura do comercializador varejista potencializa. Tanto que a empresa vem trabalhando para o desenvolvimento de estrutura mais robusta e automatizada de front office. Isso porque com o maior volume de consumidores, as empresas precisam de padronização e automatização de sistemas para assegurar custos baixos o suficiente para que as operações sejam rentáveis. Atualmente, a comercializadora varejista da CPFL tem 10 MW médios em carteira.
Olhando mais no longo prazo, comentou Marrocos, dentro da estratégia de diversificação da CPFL Brasil, estão mercados de gás natural, cuja meta da empresa é a de ter a autorização para entrar nesse mercado ainda este ano, e a de oferecer produtos financeiros para energia ao ponto que o ACL avança. “Em 2017 vamos estruturar essas ideias e de fato vamos olhar para uma atuação mais efetiva em 2018”, concluiu.