O direito de tag along que a Eletrobras detém em projetos estruturantes poderá ser uma das saídas para que a estatal possa alcançar a meta de desmobilização de R$ 6 bilhões. Nesse sentido, a negociação da UHE Santo Antônio (RO, 3.568 MW) que está oficialmente em negociação por outros sócios da Santo Antônio Energia, e a ainda não confirmada venda de pouco mais de 50% da UHE Belo Monte (PA, 11.233 MW) dos demais sócios na Norte Energia, poderiam dar uma importante parte do fôlego financeiro à estatal.
Segundo o presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Júnior, a empresa não foi comunicada formalmente sobre o tema. Contudo considera que o movimento de venda de ativos com a valorização recente dos empreendimentos abre uma oportunidade interessante. Ele lembra que a estatal vive uma circunstância onde, se os sócios nessas operações conseguirem um valor classificado como razoável, a empresa poderia vender toda ou parte de sua participação pelo mesmo valor. “Isso poderia ser importante para a nossa reestruturação”, comentou. “Temos no mínimo R$ 6 bilhões de target de desmobilização. Estamos fazendo coisas com SPEs que temos, até porque parte sobe para a Eletrobras, quitando dívida de controladas, e isso é um caminho apenas. Temos que olhar outros caminhos e depende de preços”, disse ele à Agência CanalEnergia.
O executivo reforçou o fato de que a Eletrobras possui muitos ativos e que por isso pode escolher as melhores alternativas para monetizar o que for necessário. A meta, reforçou, é de eliminar as dívidas classificadas como caras que estão no portfólio da empresa, resultado do momento recente da economia brasileira e a necessidade da empresa em captar recursos. Até porque, comentou, o investimento no segmento de infraestrutura é caracterizado por rentabilidades mais baixas e que, por isso, o foco da empresa é de tirar essa dívida de custo mais elevado, que são incompatíveis com o setor elétrico.
Distribuidoras – Na semana passada, a Eletrobras fechou os contratos com a Ceres e PWC quanto ao processo de avaliação das distribuidoras que serão privatizadas no âmbito do PPI. Ainda nessa semana foi dado o kick off desse processo no BNDES com o estabelecimento de prazos e equipes que já começaram o trabalho. “Nossa expectativa na primeira fase é de que o valuation, a modelagem e como fazer o leilão sejam concluídas em quatro meses e meio”, revelou ele.
Depois desse período, a próxima fase é de entrar com a burocracia onde deverão ser seguidas as formalidades do PPI, das assembleias das companhias a serem vendidas e a qualificação dos interessados.