A EDP Brasil acredita que as obras da UHE São Manoel (MT, 700 MW) poderão ser adiantadas em até oito meses. O atual cronograma de execução das obras da usina, que tem ainda em seu quadro de acionistas a CTG e Furnas, todas com 33,3% de participação, é de 83,4% e o início do fornecimento de energia é maio de 2018. Segundo o CEO da empresa, Miguel Setas, essas informações vêm da SPE que é a concessionária da central. Nem mesmo a troca do epecista na usina, deverá atrasar essa execução que está adiantada e em linha com o orçamento da obra.
Após essa obra, a EDP Brasil deverá ver um decréscimo nos valores de investimentos no segmento de geração. Um dos motivos é a falta de novos projetos dessa natureza. E em um primeiro momento, não enxerga como oportunidades de criação de valor a venda de ativos já operacionais, sejam eles da fonte hídrica, como a Cesp ou as usinas do PPI, bem como carvão, como as usinas que a Engie colocou à venda no país. Por outro lado, a perspectiva é de que os aportes deverão subir em transmissão, que atualmente oferecem as melhores condições de rentabilidade no país.
“Não faz sentido porque essa é uma tecnologia [carvão] que não queremos expandir”, afirmou Setas, em entrevista coletiva sobre os resultados da empresa no ano de 2016. “Nossa convicção é de que cada momento no mercado traz diferentes oportunidades, e é óbvia que hoje esta na transmissão por conta dos gargalos rentabilidade nesse seguimento”, revelou ele.
Setas faz mistério quanto aos planos da empresa em termos de investimentos nessa nova área de atuação da EDP Brasil, mas reitera que a meta é de ser mais bem sucedido e ter participação mais ativa quando comparado ao ultimo leilão, oportunidade na qual a empresa arrematou uma linha de transmissão no Espírito Santo.
Esse posicionamento quanto a projetos antigos vem pelo fato de que a empresa tem recorrentemente adiantado projetos de geração, como as UHEs Santo Antonio do Jari e Cachoeira Caldeirão (ambas no AP). Segundo Setas, os projetos novos dão a oportunidade à empresa colocar em prática sua forma de executar as obras. “Há ganhos na gestão de projetos, construção, gestão de risco, entre outros e que são possíveis mais em usinas novas. Naquelas em operação as variáveis para a criação de valor são reduzidas e ainda precisamos de preço, comprar barato para se ter um ganho e para um leilão esses preços não são baixos, por isso nossa preferência por projetos novos”, indicou o executivo.
Nesse sentido, a EDP também iniciou sua atuação no segmento solar para sistemas de geração distribuída. A meta da empresa é de desenvolver negócios em micro e minigeração em edifícios empresariais, varejistas, instalações comerciais. Segundo o executivo, esse mercado está crescendo de forma acelerada e que é uma solução que não havia no passado recente da companhia. Ele descartou projetos de geração centralizada, que nesse caso fica com a EDP Renováveis, empresa ligada diretamente à EDP de Portugal.
Em distribuição, Setas comentou que o processo de M&A no país está no foco, contudo, descartou a participação pelas concessionárias da Eletrobras e função do que classificou como ausência de afinidade estratégicas. “Nossa estratégia passa por outras regiões do país e não as consideramos em nosso radar”, comentou. “As opções mais óbvias e interessantes podemos olhar pelo mapa, ajuda a interpretar nossas preferências, mas ainda há critérios como alinhamento, sinergias, contingência de riscos e preços”, finalizou.