Apesar de não haver demanda por conta da sobrecontratação das distribuidoras, a Abraget apontou que há espaço para a realização de leilões específicos para UTEs. A perspectiva de fornecer serviços ancilares é apontada como um fator que promove equilíbrio do sistema interligado, até porque não há potência suficiente para atender a picos de demanda caso a economia apresente reação. No escopo desses serviços estão, por exemplo, o controle de tensão e atendimento da necessidade de ponta que já vêm ocorrendo há algum tempo no início da tarde no verão e o controle de tensão. Esses leilões seriam mais necessários nas regiões Sudeste e Nordeste.
E para dar a resposta adequada a entidade aponta as usinas a gás natural. Como falta disponibilidade desse combustível no país e há abundância de GNL no mundo, muito em decorrência do shale gas nos Estados Unidos, essa alternativa é a que mais faz sentido na atualidade do setor. Justamente pela oferta do energético os preços estão favorecendo os geradores e hoje há uma boa oportunidade de se fechar contratos de longo prazo para o fornecimento do insumo.
Segundo o consultor Edmundo Silva, da Abraget, há térmicas mais modernas que, com filtragem, acabam apresentando um menor nível de emissões. Dessa forma é possível proporcionar uma resposta mais adequada aos questionamentos ambientais acerca dos impactos desse tipo de usinas em pleno momento de busca pela redução da pegada de carbono do setor elétrico onde as renováveis são colocadas como prioridade. Ele lembra que a intermitência e as dificuldades em se colocar novas linhas de transmissão em grandes centros urbanos são fatores que podem viabilizar a introdução de turbinas em meio a cidades.
Exemplos não faltam, segundo representantes da GE Power, há casos em Nova Iorque, Los Angeles e cidade do México – para citar algumas cidades – em que se recorreu a esse expediente para dar conta da demanda. No primeiro e último casos a questão foi reforçar o sistema com a adoção de turbinas. Já na cidade californiana a questão é atender a redução diária de cerca de 15 GW em energia por conta da intermitência das renováveis que saem do grid em questão de quatro a cinco horas.
”O próprio LADWP [órgão que controla a geração e a rede] explica que ter uma capacidade térmica bem no centro de Los Angeles é necessário para que se possa promover a expansão das renováveis em uma larga escala”, comentou John Ingham, diretor técnico de Gas Power Systems da GE.
Apesar dos questionamentos ambientais, o panorama para essas usinas segue positivo. O segmento parece estar se reinventando em outras regiões. Daniel Meniuk, líder de Gas Power Systems para o Cone Sul da GE, lembrou que em várias regiões do mundo estão sendo implantados projetos híbridos entre as fontes solar fotovoltaica e térmica a gás para atender a variação de geração. Além disso, destaca que, ao passo que a tecnologia avança, vai alcançando maiores índices de eficiência. Hoje, o recorde de eficiência de uma usina é de 62,2% na França. Aqui no Brasil a UTE Porto de Sergipe, usina contratada no sistema Turn Key junto à GE terá mais de 60%.
Para a multinacional norte-americana o sistema de baterias para atender a necessidade de ponta em escala doméstica pode ser viável. Contudo, para a estabilização da rede de uma região é insuficiente, pois a escala é crucial para atendimento dessas necessidades.