O setor de utilities de missão crítica tem uma nova rodada de negociações com a Anatel sobre a disponibilidade de uma frequência própria para uma maior capacidade de transmissão de dados de alta prioridade. A ideia de alocação é para a frequência de 400 MHz a 450 MHz. Essa frequência estava dedicada no passado a operadoras de telefonia celular para a implantação do sistema 4G rural, contudo, quase nada foi feito e o prazo que a agência reguladora das telecomunicações brasileira concedeu expirou em 2016.
“Apesar desse prazo ter vencido, a Anatel não retomou essa frequência e estamos de novo discutindo esse pleito das empresas de utilities, entre elas as companhias do setor elétrico. Temos uma reunião marcada para o dia 7 de abril, durante o seminário internacional UTC AL Summit”, disse o presidente da UTC América Latina, Dymitr Wajsman. “Um dos itens da agenda desse encontro é para verificar o real interesse das empresas pela faixa, pois, sabemos que as empresas não dispõem de muitos recursos”, acrescentou o executivo.
Segundo a UTC AL, que promove o seminário sobre o tema telecomunicações de 5 a 7 de abril, em Salvador, as distribuidoras e transmissoras de energia elétrica, assim como como outras concessionárias, como de água e gás, que atuam no Brasil avaliam que esse espectro poderia ser migrado para o seu uso preferencial de comunicação de dados de missão crítica, como alerta de problemas na rede e comandos para ligar e desligar equipamentos.
Os trabalhos já se desenrolam há pelo menos dois anos. De 2016 para cá, inclusive, destacou Wajsman, houve a evolução quanto a questão da distribuição de canais de comunicação de radiofrequência. Tanto que em fevereiro, a resolução Anatel no. 674 definiu a concessão total de 40 canais exclusivos para operações das empresas de utilidade pública. Outros 20 serão compartilhados com o serviço SAMU. Essa medida é considerada positiva, mas impede o avanço a um volume maior de tráfego de dados ao passo que a tecnologia avança, por exemplo, com as redes inteligentes e automatização da distribuição.
Wajsman relembrou que a necessidade de uma rede exclusiva é importante para o setor de missão crítica onde a confiabilidade da rede tem que ser mais elevada do que a rede de telefonia celular oferece ao mercado atualmente. Um exemplo é no carnaval de Salvador, quando a rede da cidade está sobrecarregada em função do grande número de pessoas que se concentram naquela cidade e um mesmo momento. “Se você precisa de um alto grau de confiabilidade na rede para um mercado de missão crítica, fica complicado operar na rede da cidade por esses dias”, apontou. Nesse círculo de ações estão abertura ou fechamento de chaves telecomandadas, identificação de falhas no fornecimento, entre outras.
“Ações que não são tão críticas funcionam com o sistema atual como medição, transmissão de dados que não são críticos, agora, para se comandar um rede, ou usina a empresa não se pode dar ao luxo de não ter uma rede com alto nível de confiabilidade e precisão de comando na hora em que precisa executar aquela ordem”, encerrou Wajsman.