Se no segmento de distribuição a expectativa da Neoenergia é manter em 2017 o mesmo patamar de investimentos feitos no ano passado, quando foram aplicados cerca de R$ 2,4 bilhões nas áreas de concessão da Coelba (BA), Celpe (PE) e Cosern (RN), no segmento de geração e transmissão a holding deve reduzir naturalmente o volume de recursos destinados a construção de novas usinas e linhas, na comparação com 2016. Isto porque alguns dos principais projetos da companhia nessas áreas tiveram suas obras finalizadas nos últimos meses e já se encontram em operação comercial.
"Acreditamos que tanto os investimentos em geração quanto os de transmissão sejam um pouco menores, na medida em que alguns dos projetos que estavam em fase pré-operacional no ano passado já foram concluídos e estão operando este ano. Então os investimentos serão naturalmente menores este ano", explica o vice-presidente Financeiro e de Relações com Investidores do grupo, Sandro Kohler, que apresentou nesta quarta-feira, 22 de março, os resultados de 2016 a analistas do mercado de capitais. O executivo se refere à linha de transmissão Potiguar Sul, a três parques eólicos no RN e à usina Teles Pires.
A hidrelétrica de Teles Pires (1.820 MW – MT), na qual a Neoenergia detém participação de 51%, foi concluída em agosto do ano passado com a entrada em operação das últimas três turbinas. As três centrais eólicas, que iniciaram operação recentemente, são os parques Calango 6, Santana 1 e Santana 2, situados no Rio Grande do Norte e que somam capacidade instalada de 84 MW. A linha de transmissão Potiguar Sul, entre o Rio Grande do Norte e a Paraíba, tem uma extensão de 197 km e opera em 500 kV. O empreendimento entrou em operação comercial em novembro de 2016.
Com a entrada em operação desses empreendimentos, a Neoenergia pretende impulsionar sua geração de caixa operacional, reduzindo a necessidade de captação de dívida para fazer frente aos investimentos em distribuição e geração. "Este ano a empresa já espera observar uma melhora na geração de caixa operacional, em função do novo ciclo de revisão tarifária da Celpe e também da entrada de Teles Pires, dos parques eólicos e da linha Potiguar Sul", explica Kholer. A meta da empresa é iniciar a desalavancagem em 2018 e, em 2019, alcançar um ebitda de R$ 4 bilhões, assegurando retorno dos investimentos.
A Neoenergia observou um forte crescimento no seu perfil de endividamento, o que, na visão do vice de finanças, se explica pelos investimentos vultuosos. A dívida líquida da empresa em 2016 ficou em R$ 9,8 bilhões, contra R$ 7,5 bilhões em 2015 – em quatro anos quase dobrou, partindo de R$ 5,2 bilhões em 2013. "Nossa dívida está muito elevada em termos de volume. Estamos trabalhamos para reduzi-la já este ano", afirma o executivo. Além de reduzir, a empresa quer alterar o cronograma de esgotamento, muito concentrado no curto prazo. Só em 2017, entre juros e o principal, está previsto o pagamento de R$ 4,7 bilhões.