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A Cemig está concentrando esforços em 2017 para se desfazer de ativos que não estão no foco do seu negócio. A prioridade atual da companhia é negociar a fatia de 18% – entre participação direta e indireta – no Consórcio Santo Antônio Energia, controladora da hidrelétrica de 3.560 MW situada em Porto Velho (RO). Em teleconferência com analistas de mercado nesta quarta-feira (12), o diretor de Finanças e Relações com Investidores da holding, Adézio Lima, revelou que a negociação com um investidor não chegou a bom termo na primeira rodada de conversas, mas que as tratativas seguem com uma contraproposta a ser apresentada aos mineiros.

O executivo informou que o programa de desinvestimentos aprovado no último mês de março pelo Conselho de Administração da companhia garante ainda outras ações visando a desalienação em participações detidas em negócios diversos nos quais a Cemig é minoritária. O grande objetivo com a venda das fatias nesses ativos é recompor o caixa da companhia, que ao final do ano passado totalizava cerca de R$ 2 bilhões. A preocupação com o fluxo de caixa reflete também o cronograma de amortização da dívida, fortemente concentrada no curto prazo – apenas no exercício de 2017, a companhia terá que liquidar R$ 4,8 bilhões.

“Temos total interesse em negociar o que não faz parte do nosso core business e onde somos minoritários. Estamos fazendo esforços para realizar todas as operações de venda de ativo até outubro”, revelou Lima. Além da venda da participação em Santo Antônio, a empresa está trabalhando ainda na negociação da subsidiária Cemig Telecom, onde já há conversas com potenciais investidores; e na Transmineira, holding que reúne três concessionárias de transmissão com 343 km em linhas de transmissão e seis subestações. Nesta empresa, na qual é sócia ao lado de Furnas, Alupar e EATE, a Cemig negocia sua participação com a Taesa.

Outros negócios avaliados preveem a solução do imbróglio na venda dos 49% na Gasmig – cujo modelo de negociação não está fechado – e a “put” (preferência de compra de ações) prevista para 30 de novembro na Light, da qual é acionista direta e indireta. Lima informou que a geração de caixa será suficiente para liquidar o negócio no final do ano, mas que, antes disso, ocorrerão “eventos” no mercado de capitais visando a diluição da presença detida direta (26%) e indiretamente (26%) na distribuidora carioca. Sem esses eventos e com a compra das ações em novembro, a Cemig elevaria sua participação na concessionária para 52%, reestatizando a empresa.

Além da venda de ativos, Lima pretende melhorar a liquidez da Cemig com o alongamento do perfil da dívida total de R$ 13,1 bilhões, cujo cronograma de vencimentos, concentrado no curto prazo, atualmente é de 2,8 anos. A empresa aposta na redução progressiva da taxa Selic ao longo de 2017 para aliviar o desembolso de caixa destinado ao pagamento de juros da dívida. Em fevereiro deste ano, a Cemig GT pagou R$ 629 milhões, com recursos próprios, pela outorga das usinas hidrelétricas licitadas pelo governo em 2015. “Nossa equipe está trabalhando diariamente na rolagem da nossa dívida junto ao mercado”, ressaltou o diretor.

Na área de distribuição, a Cemig trabalha em duas frentes principais. Uma delas está na redução das perdas de receita com inadimplência, cujo impacto financeiro aumentou R$ 200 milhões na comparação com 2015; e com furtos, que representaram um baque de mais R$ 200 milhões no exercício passado. Entre janeiro e a segunda semana de abril, a companhia já negativou junto ao Serasa cerca de 500 mil clientes em atraso nos pagamentos. Outra ação que será focada pela Cemig D este ano é o Programa de Demissão Voluntária, que em 2016 conseguiu aderir um total de 565 empregados e refletiu em um custo total de R$ 64 milhões.