O valor de R$ 223/MWh para os contratos de geração eólica no A-5, agendado para o dia 29 de abril, é considerado justo para o segmento. Segundo a diretora da Força Eólica do Brasil, Laura Porto, o preço inicial estabelecido reflete a realidade dos empreendimentos em função de aumento de custos como o de hedge cambial e do financiamento que já não são mais os mesmos de anos atrás, bem como as dificuldades em acessar a transmissão.
A executiva, que representa a joint venture entre a espanhola Iberdrola e a brasileira Neoenergia, conta que essa correção de patamar foi conseguida em função de encontros que o setor teve com a Empresa de Pesquisa Energética. A meta nessas reuniões era a de esclarecer a composição de custos do investimento. E acrescenta que os próprios agentes tiveram que repassar informações mais reais do capex para os empreendimentos, já que na hora do cadastramento para os certames se verificou que os valores de investimentos previstos eram mais baixos do que realmente se teria que aportar.
“O preço do leilão em 2015 começou baixo e recuperaram no último certame para a casa dos R$ 200. O governo não havia considerado o hedge cambial e a EPE afirmou não saber que estava em um valor tão caro. Tolmasquim [presidente da EPE] colocou ainda que os empresários apresentavam, na habilitação, valores mais baixos de capex”, revelou Laura Porto.
A executiva destacou que a importância em se indicar esses valores mais próximos da realidade é fundamental porque esse é o insumo da EPE para se chegar à tarifa máxima de um leilão, com base na declaração de investimentos dos empreendedores. E, como a EPE é uma empresa pública, o TCU vai questionar os valores apresentados.
Agora, ressaltou, além dos empreendedores atuarem de forma mais realista, o governo precisou também considerar que as condições de financiamento são diferentes, menos atrativas do que em 2010 e o hedge cambial, que é uma parte muito importante do capex, está em patamar elevado. Outro fator apontado pela executiva da empresa é que as linhas são mais longas e os projetos estão mais distantes das conexões. “Agora revisaram o preço para algo mais justo e que reflete a realidade”, confirmou.
Em relação ao leilão A-5, Laura Porto, se mostrou cética quanto à demanda justamente pela sobreoferta de energia que há no segmento de distribuição. E corroborou a afirmação da presidente executiva da ABEEólica, Élbia Gannoum, que disse recentemente que os leilões de reserva são a saída para a fonte este ano.
Medidas socioambientais
A FEB destacou a importância das ações das empresas eólicas junto à comunidade onde atua. E diz que hoje os empreendimentos trazem ações para as localidades fazendo um papel que muitas vezes seria de responsabilidade dos governos locais.
Além de destinar cerca de 1,6% da receita da geração para os proprietários das terras, as empresas veem no Brasil que as ações de meio ambiente são socioculturais também, uma característica do mercado brasileiro. Além de questões comuns com outros mercados, como o monitoramento de fauna e flora, esse vínculo entre empresa e sociedade deve ser pensado e incluído no plano de negócios do empreendimento quando se analisa a sua viabilidade econômico financeira.
A FEB relata a experiência com algumas das iniciativas implantadas e destaca alguns dos projetos que foram implantados no estado. Um dos principais que a empresa aponta é o chamado Aulas de Energia, realizado na região de Maracajaú, litoral norte potiguar. Desde junho de 2014, por meio da Cosern, realiza workshops diários para alunos da rede pública e privada da região e da capital para demonstrar como é produzida a energia elétrica e conceitos de eficiência energética e segurança aplicados ao consumidor residencial. Segundo os cálculos da empresa, foram atendidos somente em 2015 cerca de 4 mil alunos. Nesse projeto ainda são doadas 3 lâmpadas LED por residência para o aluno que apresenta a conta de luz. Esse projeto está enquadrado no segmento de eficiência energética da Aneel.
Dentre as ações socioambientais na região do Complexo Eólico Calangos, a empresa destaca as que foram realizadas por meio da linha subcrédito social do BNDES, que destina 1% do capex a programas de investimentos sociais vinculados a financiamentos de empreendimentos da empresa na localidade. Nessa modalidade foram aplicados quase R$ 3,3 milhões em três projetos.
Um deles foi o Capacitar que atendeu a 1.720 alunos em cursos de capacitação profissional em atividades como artesanato, empreendedorismo e turismo. Foram realizados 7.640 atendimentos no projeto sorriso no campo onde o objetivo foi levar uma van para oferecer tratamento odontológico, e ainda, o treinamento de profissionais com atuação junto ao público infanto-juvenil com a meta prevenir o abuso e a violência sexual.