Mesmo com as mudanças realizadas que propiciaram uma performance geral melhor que a de 2015, são necessárias alterações mais efetivas na sistemática dos leilões de transmissão para que o êxito seja total e os lotes vazios não se repitam. De acordo com Thais Prandini, consultora da Thymos Energia, as alterações feitas ainda não deixaram o certame completamente atrativo. Para ela, a rentabilidade dos lotes deve ser aumentada e o governo deve tentar trazer mais capital estrangeiro. "O leilão ainda não está redondo. Tem que ter uma renovação para ele tenha sucesso com tinha antigamente", explica.
A intensa disputa verificada entre a Alupar e o Consórcio Nordeste pelo lote I, com 237 lances a viva-voz, foi possibilitada por uma rentabilidade adequada no lote. Prandini considera esse quesito como fundamental para o êxito dos empreendimentos nos leilões. Para ela, isso atrai mais disputa entre os interessados nos lotes. "Estava com a rentabilidade interessante. Toda vez que for assim, vai ter disputa", diz ela.
No certame, dez dos 24 lotes não receberam proposta. Segundo o Instituto Acende Brasil, apesar de haver candidatos inscritos para participar do leilão dos Lotes B, D, H, N, R, U e V, esses lotes não receberam proposta financeira. E os Lotes G, J e K não atraíram nenhum proponente para participar da licitação.
A volta de players que estavam afastados dos leilões, como Alupar e Taesa, foi considerada importante por Prandini. Ela acredita que a Taesa terá uma participação constante nos certames, uma vez que a Renova Energia, outra empresa do grupo Cemig, passa por problemas e não há projetos de grandes hidrelétricas no curto prazo, o que a deixa na condição de único veículo de expansão do grupo. "A volta foi importante", observa.
Ela também acredita que o arremate dos lotes C e O pela State Grid fortalece a sua posição de se transformar em protagonista no setor no Brasil. Ela já comprou ativos no país e venceu um dos linhões de Belo Monte. A aposta é que sempre que houver um lote grande ou a possibilidade de sinergia com outros ativos dela, a chinesa vai entrar forte na disputa. "Eles não estão de brincadeira, está sendo bom para o setor", aposta a consultora.