A Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica viu melhoras após o resultado do leilão de transmissão realizado nesta quarta-feira, 13 de abril. De acordo com Mario Miranda, presidente da Abrate, houve evolução no edital e foram aperfeiçoados aspectos como a segurança jurídica e as condições econômicas. "Foi bem melhor que no ano passado", afirma.

Mas a pequena melhora não fez o presidente da Abrate esquecer que apenas 56% de novos investimentos foram viabilizados no certame e que não houve disputa na maioria dos lotes. Ele pede mais planejamento para a transmissão, lembrando que até 2012 não havia a figura do lote vazio, quando nenhum proponente se interessa por ele. "O leilão é o elemento físico do planejamento para a obra, precisa ser realizado na plenitude", avisa. Ele também acredita que quando as indenizações referentes aos ativos enquadrados na MP 579 forem pagas, haverá uma recuperação do fôlego financeiro das transmissoras que as trará de volta aos certames com mais frequência. "Aí esperamos que não tenha mais lote vazio", aposta.

Ele voltou a ressaltar a importância do planejamento, lembrando que lotes como o J, em Marituba, no Pará, pela quarta vez não conseguiu ser comercializado. Ele compreende duas subestações e três linhas de transmissão que somam 135 quilômetros. A viabilização do lote é necessária para atendimento da carga na região.

A vitória de grupos não tradicionais como Zopone Engenharia e Comércio, WPR Participações (Grupo WTorre) e GeoGroup foi saudada por Miranda. Segundo ele, isso mostra a dinâmica do setor e a crença de que ele é rentável. Outro aspecto positivo foi a intensa disputa realizada entre o Consórcio Nordeste e a Alupar, que após 237 lances conseguiu levar o lote I, com um deságio de 11,01% e Receita Anual Permitida de R$ 48.487.000,00. O lote consiste na LT 230 kV João Câmara II – João Câmara Ill C1 e C2, CD, com 2×10 km; além da Subestação 500 kV João Câmara III – 500/230 kV (9+1Res) x 300 MVA. Players tradicionais também voltaram, como a própria Alupar, que venceu os lotes I e P, e a Taesa, que arrematou o lote P, que fica no estado do Tocantins.

Sem fazer uma previsão para os próximos leilões, ele lembra que mesmo que o setor não tenha participação intensa nos próximos certames, uma vez que as transmissoras não são obrigadas a participar, os investimentos não cessarão. Há a necessidade constante de reforços e melhorias no sistema de transmissão do país, obrigatoriedade presente nos contratos de concessão. Somente neste valor, neste ano seriam em torno de R$ 3,1 bilhões. "Esse valor é 30% do que está previsto no plano decenal para a transmissão. Está dentro da regra", observa. Esses reforços vem sendo escolhidos como prioridade pelo setor.